A luta política alicerça-se em argumentos e contra-argumentos, no fundo opiniões , sendo por isso muitas vezes subjectiva. Os factos são isso mesmo, por muitas interpretações que cada um lhes possa ou queira dar.
Facto 1: A 26 de Abril o Juíz Baltasar Garzón mandou libertar o sr. Usabiaga dando acolhimento à pretensão deste de estar em liberdade condicional para poder ajudar a sua mãe gravemente enferma.
En libertad bajo fianza el proetarra Usabiaga para que cuide de su madre
Facto 2: Vários jornais noticiam que a mãe do sr. Usabiaga tem pendente um pedido de assistência, mas desloca-se frequentemente à missa. Para além disso, o sr nos primeiros dias em liberdade nunca visitou a mãe.
Algumas das mais de cem notícias:
Usabiaga lleva nueve días en libertad y aún no ha visitado a su madre
Lasarte confirma a Garzón que la madre de Usabiaga aún no tiene concedida la dependencia
Lasarte confirma a Garzón que la madre de Usabiaga aún no es dependiente
El fiscal rebate a Garzón y cree una treta el cuidado de Usabiaga a su madre
Facto 3: Tendo conhecimento da situação de incumprimento do sr. Usabiaga, Baltasar Garzón recusou-se a emendar a mão.
Garzón se despidió de la toga echando una mano a Usabiaga
Não tenho qualquer dúvida de que o juíz Baltasar Garzón teve ao longo dos anos actuações muito meritórias na sua profissão, inclusivé contra a ETA. Agora sempre que lhe foge o pé para a política, dá asneira, como neste caso. Quis fazer o jeito ao governo PSOE a quem convinha naquela altura a libertação do sr. Usabiaga e deu no que deu...
Pode afirmar com seriedade que Usabiaga não visitou a mãe e que as razões humanitárias que a justiça espanhola considerou atendíveis para o libertar não se verificam de facto?
ResponderEliminarConhecemos os factos e o processo? Ou noticias de jornal do diz que disse? Sabe, eu considero muito grave e altamente prejudicial este nosso jeito de questionar-mos a legitimidade de decisões judiciais sem estarmos na posse dos factos que foram considerados para decidir.
Como democrata que sou julgo que qualquer decisão judicial é criticável. Contudo, e por uma questão de rigor, convém que se conheça a decisão e os factos em que assenta. Só assim estamos a opinar e não a enfabular.
Eu acredito nas instituições democráticas.Considero-as sérias e dignas de credibilidade. Logo, como opinar sobre o que não sei, nem conheço, colocando em causa a bondade de uma decisão soberana porque sim. Porque Li atentamente as noticias que refere e não encontrei um único argumento válido legitimo para questionar a decisão de Garçón. Usabiaga não foi visitar a mãe? Quem diz? Uma fonte anónima? Os vizinhos? Como saberá melhor do que eu a execução das penas é legalmente fiscalizada, logo há-de haver quem esteja encarregue de fiscalizar se esses pressupostos se verificaram e caso se confirme, pelas vias legitimas num estado de direito, que não se verificaram as consequências legais serão dai retiradas, não lhe parece?
Garzón pode errar? Claro. As decisões de Garzón são irrecorríveis? Não.
Numa altura de crise de valores e de desagregação impõe-se sermos intelectualmente honestos e objectivos.