domingo, 28 de fevereiro de 2010

A RESPONSABILIDADE DOS MILITANTES DO PSD - artigo de ANTÓNIO TAVARES, presidente do CLUBE VIA NORTE

António Tavares, Presidente do Clube Via Norte, Ex - deputado do PSD e Ex - Secretário - Geral da JSD

“Não é que sejam incapazes de ver a solução. São incapazes é de ver o problema.”
G.K. Chesterton


Num momento de crise económica, social e política o PSD entrou num processo interno de escolha de um militante para líder.

Pedro Passos Coelho, Paulo Rangel e José Pedro Aguiar Branco apresentam-se como candidatos num ambiente onde as palavras mudar, ruptura e unir ganham um particular significado semântico.

O que se espera do futuro líder do PSD é que queira e esteja preparado para enfrentar os problemas do país com determinação, coragem e, acima de tudo, compreenda o mundo onde estamos inseridos.

Estando Portugal numa situação de crise contínua e tendo essa crise a dimensão generalizada que tem, de que depende a construção de um novo ciclo politico para que Portugal readquira uma trajectória de convergência de desenvolvimento com os restantes Estados da União Europeia?

Depende, em muito, do resultado da escolha de um novo líder para o PSD. A responsabilidade dos militantes do PSD implica saber escolher um líder que, mais do que um dirigente partidário, seja um homem de Estado. Alguém que tenha um projecto para a sociedade portuguesa que acrescente valor à responsabilidade individual de cada cidadão.

Um projecto portador de coesão económica e social que permita estabilidade política e cuja credibilidade pessoal seja directamente proporcional ao grau com que os cidadãos acreditam nas suas políticas.

Ao apelar aos sacrifícios dos portugueses deve conseguir uma mobilização colectiva para a ideia de que a sua política económica é a correcta e a necessária para o bem-estar da sociedade com resultados concretos no futuro.

Nesta circunstância é preciso que perceba o quadro internacional em que a economia portuguesa se insere. O nosso desenvolvimento ficará seriamente comprometido se não assumirmos que temos de trabalhar mais, ter maior preparação académica e uma maior qualificação intelectual e técnica dos nossos portugueses.

O novo líder do PSD terá de assentar em três pilares fundamentais a sua agenda política para a consolidação do novo ciclo político:

- Reforma do Estado e modernização económica;
- Solidariedade e justiça social;
- Promoção da livre iniciativa dos cidadãos.

Portugal precisa de uma liderança mobilizadora, capaz de operar as mudanças inadiáveis, o que requer uma prática que não se subordine aquilo que é considerado como politicamente correcto.

Francisco Sá Carneiro teve visão e atitude quando aglutinou várias sensibilidades em torno de um novo projecto para Portugal, a AD. Deu o exemplo, enquanto foi Primeiro-Ministro, ao não exercer o lugar de Presidente do PSD separando o Estado do aparelho partidário atitude decisiva para a construção da nossa democracia.

Os militantes do PSD não estão só a escolher um Presidente. Estão, também, a escolher o futuro Primeiro-Ministro de Portugal. É uma grande e acrescida responsabilidade para eles. Devem compreender que não é só preciso vencer no PSD é preciso convencer o país.

Devemos saudar com satisfação o surgimento destas candidaturas à liderança do PSD cientes de que no nosso código genético está o sentido de Sá Carneiro ao privilegiar a unidade dos militantes mas recusando a unicidade partidária.

Aos militantes do PSD compete com a sua escolha não desiludirem os portugueses. Esta é a nossa responsabilidade colectiva.

CATÁSTROFES NATURAIS: É PRECISO PREVENI-LAS - artigo de MANUEL MONTEIRO no SOL de 27/02/2010

E agora? Enterram – se os mortos e alimentam – se os vivos”.
Marquês de Pombal, após o terramoto de 1755

Todos sabemos que as catástrofes naturais são imprevisíveis, incontroláveis e irrecusáveis. Ninguém lhes pode virar as costas, não se dominam e é impossível prevê – las com exactidão e rigor. No entanto, culpar a natureza e a sua fúria por tudo o que de grave sucede, significa muitas vezes irresponsabilidade e indiferença perante a acção e a omissão criminosa dos poderes públicos. A construção desregulada, tal como o surgimento de pontes, de túneis, de estradas e de viadutos em locais onde não deveriam estar, ajuda a entender a dimensão de várias tragédias.

Agora foi a Madeira onde a impunidade nesta matéria anda há anos à solta, mas amanhã poderá ser Lisboa ou qualquer outra cidade. Na capital temos bairros inteiros com casas que se amontoam, com ruas sem espaço para a circulação eficiente de um carro de bombeiros, com edifícios sem qualquer protecção contra sismos, com leitos de rios e ribeiros tapados e furados sem critério. O que conta é fazer, é inaugurar, é construir a qualquer preço. Conluiados muitas vezes com quem constrói, os responsáveis pelo poder comportam – se como autênticos predadores do território e semeiam mais tarde o horror, a tristeza, a perda de vidas e de bens. A prevenção e a segurança não constam dos seus códigos e perante a calamidade têm todos o mesmo discurso. Pedem solidariedade, falam de inter – ajuda, e dizem não ser a hora de fazer política. Numa atitude covarde são incapazes de assumir falhas e escondem – se na azáfama do dia seguinte.

Alguns, mesmo que tenham sido autores ou cúmplices dos erros, até as mãos esfregam diante do dinheiro que podem ainda ganhar com a reconstrução. Tal como os criminosos de guerra, estes criminosos em tempo de paz também espalham a destruição e a morte, mas ao contrário dos primeiros gozam de impunidade. Com efeito não é de política que se trata é de respeito pelos cidadãos, de humanismo, de defesa da vida. E estas questões são bem mais relevantes do que qualquer luta pelo poder.

Se um autarca ou um governante, regional ou nacional, despreza a vida de homens e de mulheres, de crianças e de idosos, permitindo e incentivando obras que colocam em perigo a segurança, ele é simplesmente um inimigo da humanidade. Não tem desculpa, porque não há palavras que calem ou sosseguem o desespero. Não pode sequer esconder – se atrás do desconhecimento, evocar a boa fé ou justificar – se com a brutalidade da natureza. Há técnicos reputados que todos os dias avisam para a possibilidade de calamidades naturais e para a necessidade de se prevenirem danos irreparáveis. Todavia, os seus avisos ou são classificados de catastrofistas ou são ignorados. Quem decide não ouve. Em vez de corrigir, de substituir, de investir na recuperação das cidades e de as preparar para os gritos da natureza, os responsáveis festejam a obra mal feita. Se justiça houvesse o Ministério Público conduzi – los – ia ao banco dos réus, como não existe resta que a nossa ira os condene.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Madeira - População denuncia aterro ilegal na zona das Babosas

O presidente da junta sabia do aterro, a Câmara do Funchal não. A população sabe que nem tudo foi culpa do aterro, mas potenciou a destruição

Com a devida vénia ao Diário de Notícias da Madeira

São dados novos sobre o destruição da Capela das Babosas no Monte. Segundo dados recolhidos junto da população deste sítio, poucos metros atrás desta Capela, existia um aterro ilegal que vinha sendo promovido por um morador há cerca de um ano.


O vereador do ambiente da Câmara Municipal do Funchal desconhece a existência desse aterro, mas o presidente da Junta de Freguesia do Monte, Duarte Pereira, depois de hesitar, confirmou a existência de um aterro que, no entanto, não soube dizer se era legal.

Para a população, o aterro não será a única na razão de toda esta destruição, mas é visto como a principal causa da dimensão extrema dos estragos causados. Todos, principalmente os atingidos, querem ver responsabilidades apuradas.

Para além do desaparecimento da Capela, o temporal destruiu duas casas que existiam poucos metros abaixo do Largo das Babosas, uma delas com três pisos, mas provocou ainda um rasto de destruição ao longo da estrada Luso-Brasileira, fazendo uma mãe e uma filha perderem a vida dentro do carro que as transportava. O entulho trazido pelo ribeiro das Babosas encerrou ainda na Pena o acesso à Via Expresso e provocou um rasto de destruição ao longo de toda a rua.

Pelo que foi possível apurar, o local onde foi criado o aterro já tinha sido uma lixeira promovida por um homem que também é carreiro, mas cuja identidade o DIÁRIO não conseguiu confirmar. A terra despejada cerca de 50 metros por detrás da Capela das Babosas era para ali transportada na sequência de alguns trabalhos de construção civil desenvolvido por este homem. Para transportar o material para este local, o responsável chegou inclusivamente a construir uma estrada, junto às escadas que davam acesso à Capela e que estreitou significativamente a largura do ribeiro.

Uma das pessoas mais críticas é Lícia Agrela, uma professora que tinha visto a casa que estava a construir ficar concluída dois dias antes. "Eu não sei o que fazer. A minha casa tinha ficado pronta há dois dias e agora não tenho nada. Felizmente nesse dia saí cedo de casa com a minha filha, senão penso que também teria morrido", afirma, visivelmente agastada. Lícia Agrela confirma a existência do aterro. "Nós sabíamos que aquele aterro existia e que aquilo causava perigo, mas ninguém fez nada contra aquilo".

De acordo com um dos carreiros com quem falamos, a proprietária da casa de três pisos que foi totalmente destruída costumava alertar o marido para as consequências da existência daquele aterro. Foram muitos os populares com quem o DIÁRIO falou sobre a existência do aterro, mas a maioria preferiu não se identificar.

Na zona das Lajinhas, por cima do Largo da Fonte, junto a um bloco de apartamentos que ali foi construído, é possível ver-se o que resta daquele aterro. A população desta localidade, que novamente prefere não se identificar, afirma sem rodeios que o aterro foi uma das causas da terrível dimensão do temporal nesta zona do Funchal.

Câmara desconhece aterro

Este matutino contactou o vereador do ambiente da Câmara do Funchal, que assumiu de imediato não ter conhecimento deste aterro. "Que eu saiba não existe nenhum aterro nesse local. Se existe, não foi autorizado pela Câmara nem temos conhecimento disso".

Costa Neves chegou mesmo a sugerir que a notícia não fosse publicada de forma a não provocar revolta junto da população. "Para ser sincero eu desconheço isso totalmente, mas penso que não há veracidade nessa situação", afirmou, apesar de o DIÁRIO ter repetido que a população confirmava este facto.

Já o presidente da Junta de Freguesia, inquirido sobre esta matéria, mostrou alguma reticência a comentar o assunto. Afirmou que tinha conhecimento da existência de um aterro, mas preferia não comentar se este era ilegal ou não. A resposta de Costa Neves fez o resto.

Recolha de alimentos

É uma das freguesias mais afectadas do Funchal, contudo, apesar das tentativas para se apurar o número de pessoas atingidas, desalojados e pessoas a precisar de ajuda, a equipa da segurança social destacada na Junta de Freguesia do Monte não quis avançar com um número. Desde ontem, na Igreja do Monte, num esforço conjunto com a Junta de Freguesia e muitos voluntários, tem sido promovida a recolha de alimentos para a população mais carenciada. A coordenar esta iniciativa está Duarte Pereira. "Estou a orientar essa situação, mas estou como cidadão e não como presidente da Junta. Apelo a toda a população que tenha possibilidade, que entregue no Salão Paroquial da Igreja alimentos de primeira necessidade e produtos de higiene pessoal. Os alimentos serão distribuídos conforme as necessidades da população.

Praticamente todos os sítios da freguesia do Monte foram afectados pelo temporal do sábado passado. Desde as Babosas à Levada da Corujeira são às dezenas as famílias, casas e carros atingidos. Por isso, um pouco por toda a freguesia centenas de pessoas pedem apoio. Rafael Freitas Branco, que ficou sem nenhum bem no interior da sua casa afirma, de forma desalentada, afirma que não sabe o que fazer. Com três filhas e a mulher também muito afectada, este residente da Corujeira de Dentro pede a intervenção e o apoio das entidades responsáveis. Já Ricardo Jorge Câmara, no Beco das Eiras, também na Corujeira, perdeu praticamente todas as suas posses neste temporal, pede a entrega de alimentos e de alguma roupa para cinco pessoas.

Escuteiros do Monte no terreno

Quem não virou a cara à luta foram os Escuteiros do Monte. Ontem de manhã, o DIÁRIO foi encontrá-los no Largo das Babosas, a abrir um pequeno caminho para que a população ali possa circular. A presidente, Marlene Rodrigues, fala em cerca de 25 escuteiros destacados um pouco por toda a freguesia a ajudar. "Infelizmente não conseguimos colocar todos os escuteiros no terreno porque alguns sofreram prejuízos nas suas casas ou a ajudar alguns vizinhos". Os escuteiros também vão participar na recolha de alimentos que decorrerá no Salão Paroquial da Igreja do Monte.

Uma capela com memória para Berardo

Construída em 1906, a Capela das Babosas tinha grande valor afectivo para a família do empresário madeirense Joe Berardo. "A minha mãe costumava contar que foi nessa capela que conheceu o meu pai. Ela dizia que ele lhe tinha lançado um olhar maroto". Um olhar que veio a dar em casamento alguns anos depois. Foi também ali que foi feita a despedida dos pais do empresário e de muitos outros membros da família. O nosso matutino encontrou o comendador, chegado ontem de manhã à Região, a visitar os estragos do temporal no Largo das Babosas. Berardo mostra estranheza pelo desaparecimento da Capela. "É uma capela muito sentimental para nós. Não percebo como aquilo desaparece tudo. Aquela Capela não tinha uma construção fraquinha, aquilo era muito forte", afirma.

A Quinta do Monte, pertença deste empresário madeirense, também foi alvo de prejuízos. "Caiu um muro de 25 metros do Colégio do Monte para cima da minha propriedade. Sei que temos um prejuízo avultado de um mural que contava a história do Japão e de uns soldados de terracota que nós tínhamos naquele local, foram todos partidos", afirma. Perante a catástrofe que atingiu a Madeira e uma vez que também é empresário hoteleiro, Joe Berardo faz questão de pedir ao Governo Regional e à Câmara Municipal do Funchal que se foquem na recuperação da baixa da capital madeirense.

"A baixa do Funchal é muito importante para o nosso turismo. Já há cerca de 3, 4 meses os empresários já estavam a fechar os restaurantes porque tudo vai para os Shoppings Centers. O grande cartaz nosso é o Funchal, a cidade tem de estar limpa", afirma. O empresário espera que o apoio financeiro à revitalização do comércio do Funchal seja feito a fundo perdido de forma a permitir uma melhor recuperação de todo o comércio que, é sua opinião, estava a ficar abandonado. "O centro da nossa cidade não pode morrer. Se aquilo morre é um desastre para o nosso turismo. Temos de manter viva a baixa, mantendo os restaurantes abertos. Eu acho que isto só veio alertar um problema que iria ficar pior daqui a um ano ou dois, com o desaparecimento do comércio da cidade. Já que a desgraça veio, que aproveitemos para relançar o comércio do Funchal".

Marco Freitas

COLÉGIO MILITAR

Decorrem este fim-de-semana em Lisboa, mas igualmente em qualquer parte do mundo onde existam antigos alunos do Colégio Militar, as comemorações do 207.º aniversário da sua fundação.

À época em que o Colégio Militar foi criado os tempos eram conturbados, mas isso não impediu que já nessa altura se revelassem homens de visão, criativos e inovadores, como foi o caso de António Teixeira Rebelo, então Coronel do Exército e futuro Marechal.

Curiosamente em 1803 era Regente do Reino de Portugal o Príncipe D. João (futuro Rei D. João VI), trisavô de Duarte Pio de Bragança, actual pretendente ao trono e que foi aluno do Colégio - o n.º 97 entrado em 1960 e que é hoje um referencial de valores que importa realçar no meio do lamaçal que campeia.

Quando, nos primórdios do século XIX, António Teixeira Rebelo, começou a conceber e depois a materializar a criação de um estabelecimento de ensino, nos moldes em que o pensou, estava seguramente muito longe de pensar que, na sequência dessa ideia, ele se viesse a transformar no que foi e é o Colégio Militar, no que ele representou e representa, nas vicissitudes porque passou e no significado que teve e tem, não só para os que o frequentaram e as respectivas famílias, mas também, podemos dizê-lo, para o país no seu conjunto.

Estava certamente distante de admitir que o Colégio fosse alcandorado à fama e à influência de que veio a desfrutar, pelas provas prestadas de forma pública, quanto à excelência da educação proporcionada aos seus alunos, nas suas múltiplas componentes, de que não devem ser descurados pela sua relevância, a educação física, mas também a cívica, a instrução militar e desportos mais completos como a equitação, a esgrima e o pára-quedismo, ou actividades como, por exemplo, o aeromodelismo.

Porque, apesar de na sua matriz fundadora o Colégio se destinar fundamentalmente a fornecer a aprendizagem de matérias escolares, o certo é que a formação global não se restringiu às disciplinas curriculares, antes foi completada por uma sólida educação moral dispensada aos seus alunos.

O ano que passou foi, que me lembre, um dos que mais fustigou o prestígio do Colégio, no âmbito de um quadro que caracterizo como de revolução silenciosa, com maior ou menor ruído, que vai fazendo o seu percurso para atacar o que são alguns dos principais pilares estruturantes da Nação: as Forças Armadas e a Família.

É neste contexto, e não na existência de casos de indisciplina esporádicos, que sempre houve e haverá e para os quais sempre se têm encontrado as adequadas respostas, que deve ser lido o momento difícil pelo qual o Colégio Militar passou.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Jardim na RTP

Acabei de ver jardim a ser entrevistado pela Judite de Sousa.
Um misto de falso modesto, com momentos de verdadeiro arrogante, a par com mentiras descaradas.

DESAFIO AO GOVERNO REGIONAL DA MADEIRA

Desafio o Governo Regional da Madeira, que diz agir com plena transparência, a publicar uma listagem das vítimas da intempérie da passada semana, à semelhança do que é feito noutros locais (como por exemplo recentemente em Angra dos Reis, no Brasil).

E já agora que indiquem qual era a localização das vítimas para podermos ajuizar quantas mortes ocorreram devido às pessoas estarem a viver em sítios onde deveria ser proibida a construção.

Ubu, Rei das Bananas

Ubu Roi é uma peça de teatro escrita por Alfred Jarry no fim do sec XIX.


Peça precursora do Teatro do Absurdo e do movimento surrealista, centra-se numa sátira a um certo tipo de Poder. O Rei Ubu passou a ser, em França e no mundo influenciado pela cultura francesa, sinónimo de alguém que usa o poder de uma forma discricionária, tonta e caricata, mas cruel e venal.


Se quer perceber a verdadeira essência de Alberto João Jardim, leia Ubu Roi: não fosse haver um século de diferença, dir-se-ia que Jarry se teria inspirado na figura de Jardim e dos seus próximos para criar a figura do Rei Ubu e da sua Corte. Aliás, por uma destas estranhas coisas da vida, em que a realidade ultrapassa a ficção, por mais louca que seja a ficção, Jardim chega a ser mais Ubu que o próprio Ubu. A peça "Jardim Presidente" transforma "Ubu Roi" numa pacata descrição de um dia a dia normal numa pequena cidade de província.

Que Jardim seja o que é, não espanta. Nem espanta que ele aterrorize as sucessivas Direcções do PSD: é o seu papel. O que espanta é que haja quem vote num PSD que não consegue meter na ordem aquele personagem de comédia trágica, ou de tragédia cómica, aquele Ubu simultaneamente bronco e astuto. É evidente que só conseguirá meter ordem no país um Presidente do PSD que, a título de demonstração, comece por meter na ordem aquele espantoso personagem.

Enquanto a Madeira era uma comédia, comédia cara mas comédia, já era mau que isso acontecesse. Mas agora que a comédia se transfigurou em tragédia, é imperdoável que o próximo Presidente do PSD não meta na ordem o Rei Ubu, a sua Corte, os seus turiferários, os seus polícias e os seus ladrões.

Rimo-nos durante anos com um clown rústico, alarve e excêntrico. Mas, pelo menos eu, perdi agora toda a vontade de rir. O betão que enriqueceu todo aquele lúmpen, para além do ferro, cimento e porcaria, começa a ter carne e sangue na sua composição


E isso já não tem graça nenhuma...

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Tragédia na Madeira: Um desastre já anunciado há dois anos

COMISSÃO DE ÉTICA

Deprimente e desprestigiante é o trabalho que está a ser feito na Assembleia da República, a propósito da existência de liberdade de expressão. Ou da sua ausência. Será por ignorância, má vontade ou prévia intenção quanto ao resultado final? Creio que há de tudo, apesar da tendência a favor da última hipótese. Não duvido, por um instante, do claro desejo do governo em querer condicionar a informação que se faz,mas que se levante quem na política tendo tido poder não tenha avançado com o mesmo propósito.A memória é coisa fraca pelas nossas bandas e a leitura de jornais antigos é um exercício em vias de extinção.Pergunte - se ao PCP se nunca quis controlar jornais e jornalistas, a RTP e as rádios. Pergunte - se - lhe ainda se nunca os controlou. Mas pergunte - se também ao PSD se está nesta matéria inocente nomeadamente no que respeita à RTP, ainda quando não existiam canais privados. E já agora pergunte - se ao CDS, partido a que presidi, se sob a batuta do Dr. Paulo Portas nunca quis interferir nos destinos da TVI. Digo bem da TVI.

E quando todas estas perguntas forem feitas já se perceberá a razão que impede a oposição de ser mais forte e eficaz contra o actual primeiro - ministro. E melhor se entenderá os motivos para que este continue tranquilo.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Encolher os ombros

Ainda a Madeira.
Desta vez foi o Dr. Alberto João Jardim que saiu do seu relativo silêncio para vir dizer que encolhe os ombros às criticas sobre a ocupação do território na Madeira.
Salta à vista, mesmo para um leigo, que foi o excesso de impermebialização do solo que, associado às condições climatéricas excepcionais, esteve na origem da tragédia.
Fenómenos destes sempre houve no passado. O que não havia era excesso de densidade urbanística.
Mas não tenhamos dúvidas que nada vai mudar. Vamos continuar a encolher os ombros.

O REALISMO DA TRAGÉDIA MADEIRENSE

Quando há uma tragédia em quem pensamos? Primeiro nos familiares, depois nos amigos, depois nos vizinhos e nos conhecidos. Foi assim no passado é assim no presente e será assim no futuro. Nestes momentos a imediata preocupação dos cidadãos é salvar, ajudar, reconstruir, recomeçar. Não há espaço para mais nada. Indefesas, inseguras, intranquilas, incrédulas, as pessoas ficam alheias e distantes de discursos, de declarações, de polémicas. É ainda nestes momentos que as ondas de solidariedade se erguem e que os adversários fazem tréguas. Dir – se – ia que o egoísmo desaparece e que o mundo de concórdia e de inter – ajuda surge. A política e o seu combate ficam para segundo plano, sendo quase um crime falar ou erguer a voz sobre questões que não digam exclusivamente respeito ao salvamento de pessoas e bens, à reconstrução de casas, de empresas e de infra – estruturas.
Mas na verdade há quem conhecendo este estado de espírito proceda com aparente parcimónia, e muita inteligência, em sentido contrário. Quem diz não haver lugar nestes momentos para fazer política está simplesmente a fazê – la. A inibição que pretende criar nos seus adversários é apenas o salvo-conduto para poder estar tranquilo, e só, no campo político.
Assistimos a isto mesmo na Madeira, não deixando aliás de ser curioso que Alberto João Jardim atacando os que agora “fazem política”, anuncie ao mesmo tempo ter – se aberto um novo ciclo político para a Região. Percebe – se a sua “jogada”. Por ironia do destino a catástrofe foi o melhor que lhe podia ter sucedido. Estava sem dinheiro, desesperado, sem saber como contentar a clientela, isolado politicamente e ainda sem soluções para o futuro. Os seus problemas desapareceram. Vai receber o que nunca pensou agora ter e vai querer surgir como o “marquês de pombal madeirense”. Não é por acaso que fala de um “novo ciclo político”. Para trás ficarão as centenas de casas clandestinas que permitiu e patrocinou, muitas das quais agora caíram; para trás ficarão as obras que deixou fazer em nome dos votos, em espaços onde nunca deveriam ter sido construídas; para trás ficarão os atentados urbanísticos que cultivou colocando em causa a segurança dos solos; para trás ficará a desflorestação feita sem critério e que agora deixou as águas ainda mais livres para seguirem o seu curso. Para trás ficam, apagadas pela lama, as acções e omissões de um dirigente incapaz, impreparado e incompetente. É uma triste realidade aquela que pode transformar o futuro da Madeira, num desastroso regresso ao passado.

MADEIRA - PELO TURISMO ????

  • Recusa-se a declaração de calamidade pública, apesar de ser evidente a destruição.

  • Minimiza-se o número de vítimas e de desalojados.

  • Omite-se a grave destruição da rede viária madeirense.

  
Mas com esta tentativa de tapar o sol com a peneira (impossível em tempos de net e informação generalizada) salva-se o curto prazo mas com grandes custos para o futuro. Um turista que vá à Madeira ao engano nos próximos tempos e que mal consiga sair do hotel nunca mais vai voltar e vai ser fonte de péssima propaganda.

E esta tragédia não pode servir para branquear comportamentos menos claros e muito menos para Alberto João Jardim aproveitar para atacar os seus adversários como já começou a fazer.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

GENERAL GARCIA LEANDRO - PALAVRAS NA MANIFESTAÇÃO DA "PLATAFORMA CIDADANIA E CASAMENTO" - RESTAURADORES - 20 de Fevereiro de 2010



Estou aqui por uma questão de consciência, representando a CNAF e também como Militar de Abril e de Novembro.

No primeiro caso, porque a CNAF, como Parceiro Social, nunca foi ouvida na preparação desta Lei; no segundo, por que muitos civis nos foram perguntando se não havia uma tomada de posição daqueles que em momentos cruciais de nossa História recente sempre estiveram ao lado da Liberdades e da Sociedade. Aqueles militares que vieram a apoiar a carta divulgada fizeram-no a título pessoal pelas mesmas razões a que eu me senti vinculado.

Nada existe da nossa parte contra a União Civil de Pessoas do Mesmo Sexo, devem ter os seus direitos individuais e sociais devidamente salvaguardados e protegidos, como qualquer outra minoria; mas são uma minoria.

O Referendo seria clarificador da posição da população portuguesa; mas se não o quiserem fazer não podem chamar “Casamento” a algo que é diferente.

Casamento tem histórica, cultural, social e familiarmente um significado próprio que está relacionado com a vida em comum de casais heterossexuais; isto não pode ser abalado por uma decisão politico-partidária de esquerda versus direita. Não se trata de um problema político e partidário, mas social que atravessa transversalmente toda a sociedade; socialistas e comunistas conheço que não se revêm nesta Lei.

Ao igualizar, nesta Lei, a união Heterossexual e a Homossexual com o nome da Casamento, o Parlamento está a dar a mesma designação a situações diferentes e a retirar direitos individuais e sociais à maioria da população, o que é um atentado à Liberdade; se lhe tivessem dado outra designação nada haveria a opor e eu não estaria aqui. Estão também os responsáveis pela Lei a promover uma cultura homossexual.

Acresce que a questão não foi completamente estudada nas suas implicações educativas; passaremos a dizer aos nossos jovens que a União Homossexual é igual à Heterossexual? Obviamente que isto não pode ter o acordo da maioria da nossa sociedade e do Parlamento.

Embora o Casamento Heterossexual não se destine só à procriação, é de qualquer União entre pessoas aquele que a permite, e isto faz toda a diferença.

Socialmente, trata-se de questão tão grave que merecia maior reflexão.

Outros Países Europeus têm caminhado no sentido que tenho vindo a defender; também nos EUA as soluções variam de Estado para Estado.

General Garcia Leandro.

Madeira

Apesar de acompanhar a opinião do Manuel Monteiro no seu comentário relativo à catástrofe que se abateu sobre a Madeira, neste momento o mais importante é disponibilizar apoio aos familiares dos que morreram e às vítimas que, apesar de tudo, sobreviveram e naturalmente tratar da reconstrução das infraestruturas físicas destruídas.
Nesta hora díficil a minha solidariedade materializo-a num abraço forte e amigo que daqui envio ao Baltazar Aguiar, político honesto, dos poucos que ainda há, que sei que tudo fará no que estiver ao seu alcance para minorar o sofrimento dos madeirenses.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

MADEIRA

A catástrofe chegou à Ilha da Madeira. A natureza mostrou a sua fúria e cega perante as consequências da sua acção, espalhou a dor, o caos e o sofrimento.Dizem alguns que não é a hora para fazer política e que o tempo é de unir esforços, de dar as mãos e de trabalhar na reconstrução e no apoio às vitimas. Mas ai de nós se continuamos a ignorar a incúria, o erro humano e a acção criminosa dos poderes públicos que em muito contribuiram para a dimensão da tragédia.

QUEREM APOSTAR ?

Em 2005 foi permitido à França e à Alemanha estarem em incumprimento dos critérios de convergência europeus. Ou seja houve uma flexibilização temporal.

Falou-se em solidariedade europeia para o permitir.

Quanto é que querem apostar que os mesmos que clamaram por essa flexibilização na altura e que há bem pouco tempo promoveram todo o tipo de medidas para salvar o sistema financeiro serão os primeiros a estar contra tal tipo de medidas para a Grécia, Portugal e Espanha?

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Colégio Militar

Esta notícia do jornal Público de ontem http://www.publico.pt/Educação/colegio-militar-tem-pela-primeira-vez-em-207-anos-mais-vagas-do-que-alunos_1423430 sugere-me a seguinte questão:
Será que vão ser noticiadas com o mesmo destaque as vagas não preenchidas na maioria das universidades e institutos politécnicos, públicos e privados?
Apesar de existirem 115 vagas no Colégio Militar para o próximo ano lectivo, apareceram 94 candidatos. Ora, pelo que se vai sabendo, a maioria das universidades não se pode gabar do mesmo, isto é, a diferença entre candidatos e vagas é bem distinta, com o prato da balança a estar mais desequilibrado no número de candidatos versus vagas. Não seria isso também notícia? E os cursos no ensino superior público que não têm qualquer procura?

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Faces Ocultas - Histórias de Sucesso


"Está a viver há pouco tempo em Santa Cristina do Couto, Santo Tirso, mas já é bem conhecido pela população pelos furtos que fez em todos os cafés da região. Arnaldo ‘olhos de gato’, alcunha pela qual é tratado, já foi detido cerca de oitenta vezes nas últimas semanas, mas foi sempre libertado pelos juízes. A população está indignada e sente-se insegura."

Ladrão é, juntamente com a de administrador de empresas públicas, uma das profissões mais bem pagas do país. E completamente isenta de risco, como se pode ver pelo texto acima.

É, igualmente, uma profissão com uma carreira promissora. Começa, invariavelmente, por uma aprendizagem regional de pilha-galinhas, neste caso uns cafés de Santa Cristina do Couto e, com tenacidade e ambição, mas sempre na impunidade, chega-se longe: ao fim de meia-dúzia de anos passa-se da obscuridade de um coluna das páginas interiores de um diário popular para sucessivas primeiras páginas dos semanários ditos de referência.

Também muda o cenário onde os juízes fecham os olhos: no princípio da carreira, os juizes fecham os olhos nos pelintras "Palácios da Justiça" de parvónias várias. No auge da carreira, os olhos que teimosamente se fecham, ou se protegem com óculos de cortiça, estão devidamente acobertados em verdadeiros Palácios nacionais. Mas a cegueira é a mesma. Só que nos "paços" perdidos de alcatifa bordeaux gasta, a cegueira é apenas fruto da insanidade ideológica que assentou arraiais no CEJ. Nos Paços autênticos de tapetes de Arraiolos, teme-se que a cegueira tenha outras causas bem menos óbvias.

Acabando por onde comecei: Há umas semanas atrás, a fotografia de um principiante na carreira apareceu em todos os jornais e televisões: o estagiário de ladrão tentou entrar pela janela de um mini-mercado, baixou as calças para passar melhor, ficou entalado e só se via do pobre principiante a parte traseira...

A face estava oculta.

Pois estava. Como sempre.




Princípios

Está agendada para amanhã, em Lisboa, uma manifestação que a entidade promotora - Plataforma Cidadania Casamento - diz ser a favor da Família e do Casamento.

A concentração está marcada para as 15h na Praça Marquês de Pombal. Estou certo que também estarão presente os líderes dos partidos que no Parlamento se opuseram à lei que serve de leit motiv a este pronunciamento popular.

Mas cabe dizer que esta arruada era dispensável. Sim, se em 2004 o PSD e o CDS não tivessem alinhado na alteração do artigo 13.º da Contituição da República Portuguesa, a nova lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo teria, no mínimo, a vida mais dificultada.

O PSD e o CDS, pelo contrário, preferiram, como infelimente vem sendo hábito, a ambiguidade, o equívoco, as meias palavras, o logo se verá…Sabendo que tinham feito aprovar uma revisão constitucional cujo alcance teria previsivelmente, mais tarde ou mais cedo, as actuais consequências.

De facto vale a pena relembrar que estes 2 partidos fizeram com uma maioria na Assembleia o que nunca a “esquerda” havia ousado em 30 anos: alterar a Constituição de forma a permitir que ninguém pudesse ser discriminado em função da orientação sexual e assim escancarando as portas a todos os tipos de casamentos, incluindo os relativos a pessoas do mesmo sexo.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Lealdade

Bem sei que é um lugar comum dizer-se que mesmo na política não pode valer tudo. Mas às vezes nada como enunciar lugares comuns para chamar a atenção para determinadas situações. Ainda a propósito do lançamento da candidatura de Paulo Rangel à liderança do PSD, o que parece, e muitas vezes o que parece é, é que não foi bonito o método seguido no seu processo de candidatura. Mesmo na política, deveria haver mais lealdade, frontalidade e alguma ética e menos sinuosidade, adaptabilidade e pragmatismo. E mais não digo...

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Constâncio

A pergunta pode não ser original mas não deixa de ser pertinente: como pode o responsável pelo maior falhanço da supervisão bancária em Portugal ser eleito para assegurar a supervisão bancária europeia? A resposta deu-a, em tempos, o próprio: para aquele cargo não conta o mérito mas o resultado dos acordos entre governos. Entretanto, hoje ficou a saber-se que a eleição de Constâncio serve, sobretudo, a Alemanha. Está tudo dito.

À Conversa com o Miguel Félix António

O que ensina um Pai a um filho? Que seja honesto, leal com as pessoas, respeitador, cumpridor, trabalhador….São, em regra, os valores transmitidos de geração em geração. A perspectiva inversa é assim afastada do comum das famílias e é com base neste código não escrito, que a educação é dada. Nada de estranho, dir – se – á. A estabilidade familiar primeiro e a ordem social depois, assentam nesta espécie de pilar erguido em torno de regras bem mais relevantes do que a ordem legal instituída, seja ela qual for. Todavia, e este foi um tema de conversa recente com o Miguel Félix António, há uma dúvida que cresce. Que sucesso poderá ter um jovem, por exemplo no mundo da política, se esse jovem seguir os ensinamentos do seu Pai? Por certo pouco ou mesmo nenhum. O triunfo, algo legítimo e natural para quem mais se esforça ou até para quem é mais inteligente, está associado à mentira, à deslealdade, à esperteza, à falta de carácter, à “flexibilidade” constante no plano das ideias. E esta questão tem hoje uma relevância muito grande. Não é falada, não é analisada, não é objecto de comentário nem de estudo, mas dá que pensar. De um lado os princípios base de uma família normal, do outro a selva. Aqui ganha o mais “forte”, ali impera o respeito. Temos dois mundos, numa só sociedade. O de casa, o da família e o da rua, só que a rua é hoje a política. Diz o meu amigo Miguel que este “hoje” talvez esteja a mais…, terá sido sempre assim. A luta pelo poder, tal como a sua manutenção, não tem regras e a história política não evoca a bondade, mas apenas a vitória. Porém, se assim é que pode um Pai dizer a um filho? Por certo uma coisa muito simples: que não se “meta” na política. Devemos condená-lo? Não, mas devemos lembrá-lo que desistir é perder.

E Agora Banco de Portugal?

O Banco de Portugal não é uma Instituição qualquer. Sobre si, apesar da clara diminuição de competências derivada dos Tratados Europeus, continua a pesar uma importância fulcral. E ainda bem que assim é. A sua história e o papel que lhe cabe na regulação do sistema financeiro, não são compatíveis com atitudes e leituras levianas. Espera – se assim que o próximo Governador do Banco de Portugal seja um primus inter pares e que, tal como hoje sucede com o Presidente do Tribunal de Contas, possa reunir respeitabilidade e isenção. É nos momentos de crise que temos o dever de demonstrar sentido de Estado e a oportunidade aí está. Ninguém entenderia que a pessoa nomeada não cumprisse os requisitos aqui apresentados.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Ligações Perigosas

Discutamos as causas e não apenas os efeitos. De tempos a tempos somos abalados com a promiscuidade entre negócios públicos e privados e numa rotina ensurdecedora, levantamos a voz contra os detentores do poder público no momento. Assumamos todavia algo muito simples: o problema não se resume aos políticos e aos meios; o problema está no princípio, no modelo que foi adoptado. Enquanto o Estado tiver uma presença esmagadora na actividade económica, nada mudará. E hoje tudo, ou quase tudo, depende do poder público. O Estado Central e as Câmaras Municipais dominam e manipulam a economia, o emprego e o investimento. Enquanto assim for tudo será sempre igual.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Governo, Empresas e Nomeações

A presença do Estado num importante conjunto de empresas nacionais tem permitido, governo após governo, indicações de amigos, de amigas, de anteriores adjuntos e chefes de gabinete, de ex – ministros e secretários de Estado, para cargos de Administração na PT, na TAP, na GALP, na Caixa Geral de Depósitos, na CP, na EDP, no Metro de Lisboa, no Metro do Porto, na ANA, na REN…
Curiosamente, ou talvez não, muitas destas empresas “desdobraram – se” surgindo novas “marcas” que permitiram, ano após ano, o alojamento de antigos/novos administradores, directores e assessores. Se somarmos a esta triste realidade as múltiplas Empresas Municipais, Institutos Públicos e Fundações ligadas ao Estado, depressa percebemos a importância deste “mercado” de emprego artificial para a classe dirigente. Não deixa aliás de ser estranha a ausência de um trabalho jornalístico, de investigação criteriosa, sobre toda esta panóplia de empregos políticos cujo único critério é pagar favores, comprar silêncios, garantir clientela. E neste processo ninguém está isento. Todos os partidos que passaram pelo governo, sem excepção, mesmo o PCP nos governos provisórios, nomearam e indicaram os seus amigos para a estrutura directa e indirecta do Estado. Enquanto não houver coragem para se colocar um ponto final nesta situação nada mudará. O governo poderá amanhã ser outro, mas os hábitos e os comportamentos manter – se – ão.

A Casa Pia e o PS

Quando Ferro Rodrigues era secretário – geral do PS, o seu partido fez um ataque até aí sem precedentes à actuação do poder judicial. Já pouca gente parece lembrar – se. A tese da cabala foi então proclamada aos quatro ventos, numa clara tentativa de condicionar o trabalho do ministério público e dos juízes. Recordo – me mesmo da recepção triunfal dispensada a Paulo Pedroso, na A.R., quando este foi libertado da penitenciária de Lisboa. O meio que haveria de conduzir à vontade de politização da justiça teve nessa época, não distante, o seu ponto alto. É fundamental recordá-lo, desde logo para perguntar aos dirigentes socialistas uma coisa muito simples: que autoridade têm para evocar a necessária separação entre a Política e a Justiça, quando deram um testemunho contrário às palavras agora proferidas. Pena é que a memória seja curta e que tantos estejam prisioneiros das suas opções. Se assim não fosse vozes se levantariam, com força e coragem, a exigir a demissão do actual primeiro – ministro

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Moção de Censura

Se é verdade que a situação económica e financeira do país é muito grave e se vem degradando cada dia que passa, se é verdade que o Primeiro Ministro está envolvido em todos os casos que os jornais vêem noticiando, se é verdade por isso, que este Governo não dispõe já das condições políticas substanciais para dirigir o país, se é verdade que a estabilidade não pode ser um valor absoluto (Oliveira Salazar foi um referencial de estabilidade...), se é verdade o que os mais altos dirigentes do PSD e do CDS vêem dizendo, porque esperam as direcções destes partidos para serem consequentes, políticamente credíveis e proporem uma alternativa de governo consistente?
Porque não fazem aquilo que é óbvio fazer em democracia, num contexto destes?
Porque não apresentam na Assembleia da República uma moção de censura?

A verdadeira violação do segredo de justiça

O Correio da Manhã noticia hoje que José Sócrates e Armando Vara souberam a dado momento que estavam a ser escutados e passaram a usar de cautelas maiores.
Este acesso à informação pode não ser uma violação do segredo de justiça, no sentido técnico da expressão, mas é concerteza uma violação grave do dever de segredo a que estão sujeitos os agentes judiciais e policiais envolvidos na investigação
É com isto que o PGR se deveria procupar.

Casos da República

Os últimos anos foram pródigos em casos que abalaram a opinião pública portuguesa. Muitos deles envolvendo figuras públicas. Recordemos alguns, por ordem alfabética:

Apito Dourado
BPN
BPP
Bragaparques
Casa Pia
Casino de Lisboa
CTT
Fátima Felgueiras
Isaltino Morais
Operação Furacão
Portucale


Citei onze.
Resultados: dois condenados em primeira instância (ambos com recurso interposto, Isaltino Morais e Domingos Névoa. Este último condenado ao pagamento de uma multa de 5.000 euros, por corrupção activa).

Os restantes, a esmagadora maioria, ou continuam sem fim à vista (apesar das vítimas e dos prejuízos) ou simplesmente chocaram com dificuldades processuais, não obstante a pública divulgação dos factos demonstrativos da prática de crime.

Perante isto alguém pode afirmar, com seriedade, que vivemos num Estado de Direito? Que dizer às crianças que foram violadas, aos depositantes que perderam o seu dinheiro, aos cidadãos a quem diariamente é pedido que confiem na Justiça? Que dizer aos portugueses quando há deputados suspeitos da prática de crimes, responsáveis pela feitura de leis contra a corrupção? Alguém pode acreditar na Justiça se a lei for feita por corruptos para se protegerem?

Lembram-se deste polvo?

Apesar da tentativa de censura...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Mandela

Faz hoje 20 anos que Mandela foi libertado.
Um homem notável cuja obra pode ser vista em "Invictus" - a não perder.

Num pais comandado por trafulhas e corruptos já recomeçou a censura prévia

Providência cautelar quer impedir notícias de escutas no "Sol"

Um oficial de justiça encontra-se nas instalações do jornal "Sol", para executar uma providência cautelar que visa impedir a publicação de mais notícias que envolvam as escutas do caso Face Oculta.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Coincidências

Começou bem Paulo Rangel. Há bem pouco tempo reagindo a uma manchete do semanário "SOL" sobre a sua dada como certa candidatura a líder do PSD, comentou que tudo não passava de pura intriga e de umas quantas falsidades, lançando lama para cima dos jornalistas, os habituais bodes expiatórios das trapalhadas dos políticos.


Numa curiosa similitude de reacção com a adoptada por José Sócrates sobre a manchete do "SOL" da semana passada, declarou então à Rádio Renascença, Paulo Rangel:


«A manchete do SOL, que foi a única a que tive acesso, é uma pura intriga, baseada em factos falsos e, como não alimento factos falsos, não faço mais nenhum comentário».


Perante a sua anunciada candidatura, comentários para quê? É mais um, sublinhe-se, mais um, artista português!

Que se cuide o Portas

Que se cuide o Portas se o Paulo Rangel ganhar o PSD.

Porque é que não se acaba com o segredo de justiça?

Se o segredo de justiça existe para proteger os arguidos e se estes se sentem mais desprotegidos com ele do que sem ele, porque é que não se acaba com o segredo de justiça?
Se é óbvio que não é possível evitar as violações do segredo de justiça (tantas são as mãos por onde circulam os processos), porque é que não se acaba com o segredo de justiça?
Se não é possível punir as violações do segredo de justiça, porque é que não se acaba com o segredo de justiça?

A REVOLTA - Direito e Dever

"A revolta é o último dos direitos a que deve um povo livre para garantir os interesses coletivos: mas é também o mais imperioso dos deveres impostos aos cidadãos."

JUAREZ TÁVORA

Militar e político Brasileiro

*1898 +1975

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

E o respeito pelos Cidadãos?

Consta que no Estado Novo ninguém podia criticar, sequer comentar, as decisões dos Tribunais. Ao que parece no Estado democrático também não! Em nome do respeito ao princípio da separação de poderes, dizem...
Mas de que servem os princípios se ninguém acredita na acção das instituições e dos órgãos, mesmo que estejamos a falar do Supremo Tribunal de Justiça e da Procuradoria Geral da República? E por falar em princípios,já alguém se preocupou com o princípio da credibilidade mínima,para que os cidadãos confiem no Estado? Ou será que isso é irrelevante e dispensável?

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Mataram as Elites

A democracia não foi inventada para ser o governo da maioria do Todo, mas apenas de uma Parte. A habilidade está na ilusão de dar a todos, aquilo que na realidade pertence apenas a alguns. É isso positivo ou negativo? É um facto e um facto que advém desde logo da própria ideia de Povo e de Cidadania. Foi assim desde o início e ainda continua a sê – lo, apesar do número de cidadãos ter legalmente aumentado. O Político pode fazer parte da essência natural do homem, de todos os homens, mas a política é coisa de poucos e para poucos. São as minorias e nunca ou quase nunca as maiorias, que detêm o poder real restando à maioria o poder virtual, mesmo que o voto esteja ao seu alcance. As elites, hoje abundantemente confundidas com classe dirigente ou até com classe política, são sempre necessárias ao desenvolvimento de qualquer comunidade. A sua ausência ou até o seu afastamento é causa, mais do que efeito, da destruição de qualquer País. Não é por acaso que chegámos ao fim da linha. Houve e há uma agenda premeditada que aqui nos conduziu. Entender isto é sem dúvida o passo necessário, para que possa existir uma verdadeira Revolta. Não o entender transforma a crítica em simples voluntarismo e mera diversão banal. Logo sem qualquer consequência. Ao destruir as elites o grupo dominante garante a sua sobrevivência, perpetua a sua dominação, impede o surgimento de alternativas. Este é o verdadeiro, porque mais fundo, problema nacional.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

De novo a imigração

Há dias foi noticia aquilo que, casuisticamente, cada um de nós já se tinha apercebido: os nossos quadros jovens estão em debandada para o estrangeiro, perante a ausência de perspectivas profissionaisem Portugal.

O fenómeno não é novo e até é mesmo ciclico na História do País.

Sóe que desta vez, ao contrário do que sucedeu na década de 60 do século XX, ficamos sem mão de obra qualificada, o que não poderá deixar de ter consequências negativas no futuro.

Embora saibamos que a democratização do acesso ao ensino superior fez aumentar o contigente de licenciados, não é difícil perceber que os que saiem são os melhores.

A formação de quadros, que representa um pesado investimento das Familias e do País, é assim desaproveitada.

Por certo sobram os bons exempos em sinal oposto mas isso não basta para que nos preocupemos com o fenómeno e com o futuro-

A REVOLTA foi notícia no DN de 6/2/2010

Perguntas incómodas

Algumas perguntas incómodas, para quem quiser dar a sua opinião:

1. Quais as razões para que, em casos de crime por homícidio devidamente provados, não se equacione incluir no Código Penal a pena de prisão perpétua?

2. Em termos de sistema penal e caso fosse obrigado a optar por um, qual prefiriria, o que tem subjacente o risco de ter um inocente na cadeia, ou o que tem o risco de ter um assassino à solta?

3. O que o leva a discordar da introdução de uma taxa única no IRS, sabendo-se os efeitos positivos que tal modelo tem em termos de simplificação do sistema fiscal e de incentivo ao trabalho e à criação de riqueza?

4. Porque razão entende que os custos de quem frequenta os estabelecimentos de ensino púbico não devem ser suportados pelos próprios, mas por todos os contribuintes indiscriminadamente?

5. Porque motivo o actual formato do Serviço Nacional de Saúde é no seu entendimento preferível a um modelo que assentasse em seguros de saúde individuais para todos os portugueses, suportando o Estado os custos dos respectivos prémios apenas para os efectivamente carenciados?

6. O que tem obstaculizado a diminuição da brutal carga fiscal que impende sobre quem adquire automóveis?

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Não há mais degraus para descer

Estamos para lá do fundo e entrámos no vazio absoluto. Já não há palavras e as críticas estão todas esgotadas. A situação política já não é grave, entrou simplesmente em colapso e se tivéssemos Forças Armadas e líderes militares com força e autoridade, a 3ª República terminaria aqui os seus dias. Os nossos problemas não decorrem apenas do “SOL” ter vindo confirmar suspeitas antigas, tão pouco do facto de termos um primeiro – ministro que falta à verdade e é “chefe” de operações, que atentam contra o Estado de Direito; os nossos problemas adensam – se quando nenhum líder partidário se pronuncia com firmeza sobre os inconcebíveis factos agora relatados. Parece existir um manto de corrupção que salpica muito mais pessoas, muito mais políticos e provavelmente de vários partidos. Que fazer? Que fazer quando o Supremo Tribunal de Justiça ignora a realidade, quando a Procuradoria-Geral da República encolhe os ombros e quando a Assembleia da República se demite e não convoca com carácter de urgência José Sócrates, para que este se explique? Que fazer? Apelar ao levantamento nacional ou esperar que o Presidente da República demita o governo? É mais do que óbvio que Sócrates não tem condições para continuar como primeiro – ministro. Perdeu autoridade, perdeu a pouca confiança que lhe restava e perdeu acima de tudo o respeito que era devido ao cargo que exerce. O Presidente da República não pode hesitar permitindo a manutenção em funções de um primeiro – ministro, que todos os dias nos desmobiliza e todos os dias nos corrói a esperança. É preciso salvar Portugal; é pois preciso demitir o governo.

ÉTICA, VALORES, CARÁCTER E TRANSPARÊNCIA

São o que tem faltado a quem nos tem governado nos últimos tempos!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

DESPESISTAS E IRRESPONSÁVEIS


DESPESISTAS E IRRESPONSÁVEIS

São assim os nossos (tristes) governantes.

Por acção ou omissão deixaram chegar a economia do país ao estado actual.

Não contentes em esbanjar o dinheiro dos contribuintes em obras que quase só vão servir para encher os bolsos de alguns e ser no futuro um sorvedouro de verbas públicas (estradas desertas, aeroportos sem clientes, tgv's sem passageiros, etc, etc, etc) ainda se dão ao luxo, depois de conseguirem garantir que um (mau? péssimo?) orçamento seja aprovado, de fazer chantagem ameaçando com a demissão do governo.

Os resultados estão à vista e os portugueses vão senti-los na pele muito em breve, quando começarem a ver o custo do crédito a trepar e ficarem ainda mais estrangulados financeiramente do que já estão. Isto para além de o serviço da dívida do país crescer, dificultando também qualquer recuperação.

É este triste governo, que se consegue enganar nas contas do défice num ponto percentual apenas de um mês para o outro, que promete que a partir de 2011 é que vai haver rigor e que vai atingir 3% de défice em 2013. É este governo, sem qualquer credibilidade, dados os sucessivos falhanços das suas políticas e das suas previsões que se dá ao luxo de criticar entidades externas que avisam que assim é impossível continuar.

Com a actuação irresponsável (sancionada eleitoralmente por uma fatia significativa de eleitores) de uns senhores capitaneados por José Sócrates, Teixeira dos Santos e Vítor Constâncio , Portugal atingiu hoje a deplorável posição de 14º no ranking dos países com maior risco de dívida, no mundo!

E se não bastasse toda a incompetência e irresponsabilidade que têm deixado como marca idelével da sua actuação, ainda têm a suprema lata de se fazerem de vítimas de tudo e de todos e de acusar os outros - oposição (que não é muito melhor, a bem dizer), agências de rating, comissário europeu, mercados e investidores,  de perseguição!

Face a tudo isto, só há duas hipóteses:

1) Fugir do país para bem longe de onde estão estas aventesmas. Mas só alguns podem e/ou têm coragem de o fazer.

2) A REVOLTA.

Eu, opto claramente pela segunda hipótese.

Recuso terminantemente que por culpa destes senhores e dos que nos têm governado nos ultimos anos, a Soberania de Portugal esteja mais uma vez colocada em causa.

Recuso o fatalismo de ter um governo incapaz de atacar de frente os problemas estruturais da economia portuguesa.

Recuso que num período extremamente difícil para Portugal, se assista de manhã à noite a uma gincana política entre governo e oposição, como se o momento não fosse gravíssimo.

Recuso abdicar do meu direito e dever de cidadania, de apontar o que está mal e propor soluções.

Recuso um país onde a corrupção e o compadrio começam a ser a norma.

Recuso tudo isto. E não me calo.

PROVINCIANISMO

Circunstâncias de natureza profissional fizeram com que tivesse que passar algumas horas da tarde do último domingo no terminal 5 do aeroporto de Londres (Heathrow). E o que se faz para passar toda aquela eternidade de tempo? Lê-se um livro, um jornal ou uma revista (que não tinha, nem me apetecia comprar). Olha-se para a mole humana que se move de um lado para o outro e adivinham-se as vidas que estão por detrás da exuberância de uns, da tristeza de outros, da apatia ou da agradabilidade de aqueloutras. Pensa-se na vida, sonha-se, fuma-se um cigarro no exterior da instalação, sob um apetecível frio seco quase negativo. Prepara-se mentalmente o encontro do dia seguinte, em Sunderland, nas proximidades de Newcastle.
Ou, então, damos por nós a visionar aquilo que os dois gigantescos plasmas projectam, no caso um filme promocional da marca que começou por ser um conglomerado de várias indústrias e hoje é a companhia líder mundial das comunicações móveis.
Depois de ver e rever o filme, com uma atenção displicente, vezes sem conta, porque emitido em sessões contínuas, comecei a achar que as ruas e vielas, as lojas e os cafés, os rostos das pessoas, todo o ambiente enfim, me era demasiado familiar. E dei comigo a cogitar, Lisboa, não é possível! No meu provincianismo custava-me a acreditar que a capital portuguesa fosse o pano de fundo para a promoção de uma marca de telemóveis mundialmente reconhecida, no aeroporto de Londres...
Os pensamentos contraditórios atacaram-me então: se calhar é mesmo Lisboa, não, não pode ser, era lá possível...
Foi, pois, preciso, mais tarde, que uma bonita espanhola andaluza a viver na capital inglesa o confirmasse, para que eu finalmente considerasse verídico, o que me parecia ser completamente inverosímil. E aí surgiu a revolta comigo mesmo. Por não ter acreditado no que era óbvio e por ter sucumbido à tendência lusa para menosprezar o que é seu.
Como não podia deixar de ser, afinal era mesmo Lisboa, a nossa magnífica capital, com toda a sua magia, os seus encantos e recantos.

REMAKE À VISTA?

NINGUÉM SE REVOLTA?

Rui Ramos, historiador, contava há dias, na Antena 2, que o slogan dos Republicanos, em 1910, era "Um País para os portugueses, um Estado para os Republicanos".

Claro que os Republicanos não eram todos os que se opunham à Monarquia mas apenas os membros do Partido Republicano Português (PRP), motor do golpe e por isso legitimado.

O slogan foi elevado à categoria de lei e, por exemplo, nos corpos administrativos (como então se denominavam as autarquias), com órgãos democraticamente eleitos, depressa foi instituída a seguinte regra: naqueles municípios que eram geridos por membros do PRP, os órgãos mantinham-se em funções, enquanto que naqueles onde o PRP não tinha ganho as eleições, os órgãos eram distituídos e substiituídos por comissões administrativas compostas por membros do PRP.

Assim se cumpriu o slogan.

Claro que à conta deste e de outros ainda maiores e despudorados assaltos ao aparelho do Estado por parte do PRP de Afonso Costa, depressa se revoltaram todos os que não liam pela mesma cartilha: socialistas, anarco-sindicalistas, católicos, monárquicos, etc.

O paralelismo com o momento presente não é total: hoje o assalto ao aparelho do Estado é perpretado pelo PS e pelo PSD, com variações que decorrem de quem está momentânemaente no Governo mas, sobretudo, inexiste qualquer capacidade de revolta, apesar de muitos não lerem pela mesma cartilha do PS e do PSD.

É esta a grande diferença - já ninguém se revolta!

Por isso nasceu A REVOLTA.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

REVISÃO DA LEI DE FINANÇAS REGIONAIS É MAU SINAL PARA OS MERCADOS EXTERNOS

declarou hoje Basílio Horta.

E as verbas esbanjadas em "investimentos" megalómanos como TGV's e novos aeroportos (por exemplo Beja e Lisboa) não são?

REVOLTA

Revolta pode ser uma simples palavra desprovida de conteúdo; pode significar desabafo, estado de espírito momentâneo, bravata fútil ou até covardia disfarçada de coragem palavrosa e ineficaz. Os seus promotores manifestam – se habitualmente nas mesas de café, em tertúlias privadas, no conforto das suas casas ou numa segura roda de amigos. E até em blogues. Quem os ouve, e às vezes lê, julga estar diante pessoas dispostas a sacrifícios, prontas para enfrentar aquilo que arduamente condenam. Pura ilusão! Ao primeiro sinal de risco recuam, desaparecem, nunca existiram, nunca lá estiveram…Este tipo de revoltosos é fraco, inconsistente, volátil, facilmente influenciável e pouco deles se pode esperar. Não é a este género de indivíduos que se devem as revoltas, as revoluções, as rupturas, as mudanças de regime. A História não os regista, a memória não os lembrará e os vindouros não os evocarão.

Um blogue mesmo chamado “A Revolta”, pode seguir o primeiro ou o segundo dos caminhos. Não há meio termo e o espaço dos meios termos está preenchido. A diferença não passa por estar não estando, por fazer não fazendo, por dizer não dizendo. A opção é clara: ou intervimos ou nos calamos; ou agimos ou nos exilamos. Ambas as soluções são válidas e ambas merecem respeito. Mas não são conciliáveis. Salvo se quisermos entrar para o já vasto grupo dos revoltados. Esta revolta é Revolta!

Manuel Monteiro

A IGREJA DA CLIMATOLOGIA




A não perder a análise à tese que nos querem impingir do "aquecimento global"  com reprodução dos e-mails dos pseudo-cientistas que só consideram os factos favoráveis às suas "teses" ignorando tudo o resto.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

No Barco do Capitão Gancho

Criado por Afonso Henriques, afunilado por Afonso Costa, passado a ferro por Vasco Gonçalves e redesenhado por Walt Disney Portugal é, hoje, Neverland, a Terra do Nunca.


O Capitão Gancho, o seu lugar-tenente Barrica e outros corsários menores, mas não menos ávidos, rasteiram-se no Parlamento, abordam-se em Belém, insultam-se nos jornais, increpam-se nas televisões. Mas há dezenas de anos, por detrás deste cenário tumultuoso e irascível, no silêncio possível dividem entre si, à luz da candeia, o cada vez mais magro espólio dos sucessivos saques.

Debruçada na amurada, caneca de rhum a balançar na mão, a tripulação canta, em coro, “oh Abreu, dá cá o meu…”.

Só que, entretanto, a barrica de rhum está a chegar ao fim, exaurida por uma tripulação que dormita no convés. Restará em breve, para matar a sede, a água do mar.

E Peter Pan? Virá também ele numa manhã de nevoeiro? O nevoeiro de ouro da fada Sininho?


Vai para quatro anos, coloquei este post num blogue. Porque está mais actual do que nunca, aqui o deixo. Resta-me a (piedosa) expectativa que, dentro de quatro anos, tenha perdido actualidade...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

A MORDAÇA


Sócrates não tem emenda!

Já era sabido que o primeiro ministro convive muito mal com a crítica. Mas após episódios anteriores de intervenção na comunicação social, com péssimos resultados, pensava que tinha aprendido a lição, mas afinal não...

Desta vez a vítima é Mário Crespo:

Com a devida vénia ao SOL:

Mário Crespo abandona colaboração com JN


Por Liliana Garcia

O Jornal de Notícias recusou publicar um texto de opinião onde Mário Crespo relata um encontro entre Sócrates, Lacão, Silva Pereira e um executivo de televisão, onde Crespo foi referido como um «problema» que tinha de ter «solução». O jornalista contou ao SOL que vai deixar de colaborar com o diário.
 
O texto de Mário Crespo que não foi publicado

A República faliu. E nós precisávamos de um governo com gente séria, competente e com sentido de Estado.

Ao Jorge Ferreira, a quem devo a primeira visita a um blogue e com quem aprendi que só perde quem desiste.

A República faliu. E nós precisávamos de um governo com gente séria, competente e com sentido de Estado.

1. Primeiro – Ministro – Pedro Ferraz da Costa, Economista e Empresário
2. Negócios Estrangeiros – Ernâni Lopes, Prof. Universitário
3. Defesa – Jaime Nogueira Pinto, Professor Universitário
4. Educação e Cultura – António Barreto, Professor Universitário
5. Justiça – Paulo Otero, Prof. Catedrático da Fac. de Direito de Lisboa
6. Administração Interna – Manuel da Costa Andrade, Prof. Catedrático da Fac. de Direito de Coimbra
7. Actividades Económicas – Henrique Neto, Empresário
8. Finanças – João Salgueiro, Economista
9. Saúde – Manuel Pedro Magalhães, Cirurgião, Pres. Comissão Executiva do Hospital da Cruz Vermelha
10. Obras Públicas – Fernando Santo, actual Bastonário da Ordem dos Engenheiros