quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010


Ubu, Rei das Bananas

Ubu Roi é uma peça de teatro escrita por Alfred Jarry no fim do sec XIX.


Peça precursora do Teatro do Absurdo e do movimento surrealista, centra-se numa sátira a um certo tipo de Poder. O Rei Ubu passou a ser, em França e no mundo influenciado pela cultura francesa, sinónimo de alguém que usa o poder de uma forma discricionária, tonta e caricata, mas cruel e venal.


Se quer perceber a verdadeira essência de Alberto João Jardim, leia Ubu Roi: não fosse haver um século de diferença, dir-se-ia que Jarry se teria inspirado na figura de Jardim e dos seus próximos para criar a figura do Rei Ubu e da sua Corte. Aliás, por uma destas estranhas coisas da vida, em que a realidade ultrapassa a ficção, por mais louca que seja a ficção, Jardim chega a ser mais Ubu que o próprio Ubu. A peça "Jardim Presidente" transforma "Ubu Roi" numa pacata descrição de um dia a dia normal numa pequena cidade de província.

Que Jardim seja o que é, não espanta. Nem espanta que ele aterrorize as sucessivas Direcções do PSD: é o seu papel. O que espanta é que haja quem vote num PSD que não consegue meter na ordem aquele personagem de comédia trágica, ou de tragédia cómica, aquele Ubu simultaneamente bronco e astuto. É evidente que só conseguirá meter ordem no país um Presidente do PSD que, a título de demonstração, comece por meter na ordem aquele espantoso personagem.

Enquanto a Madeira era uma comédia, comédia cara mas comédia, já era mau que isso acontecesse. Mas agora que a comédia se transfigurou em tragédia, é imperdoável que o próximo Presidente do PSD não meta na ordem o Rei Ubu, a sua Corte, os seus turiferários, os seus polícias e os seus ladrões.

Rimo-nos durante anos com um clown rústico, alarve e excêntrico. Mas, pelo menos eu, perdi agora toda a vontade de rir. O betão que enriqueceu todo aquele lúmpen, para além do ferro, cimento e porcaria, começa a ter carne e sangue na sua composição


E isso já não tem graça nenhuma...

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