Circunstâncias de natureza profissional fizeram com que tivesse que passar algumas horas da tarde do último domingo no terminal 5 do aeroporto de Londres (Heathrow). E o que se faz para passar toda aquela eternidade de tempo? Lê-se um livro, um jornal ou uma revista (que não tinha, nem me apetecia comprar). Olha-se para a mole humana que se move de um lado para o outro e adivinham-se as vidas que estão por detrás da exuberância de uns, da tristeza de outros, da apatia ou da agradabilidade de aqueloutras. Pensa-se na vida, sonha-se, fuma-se um cigarro no exterior da instalação, sob um apetecível frio seco quase negativo. Prepara-se mentalmente o encontro do dia seguinte, em Sunderland, nas proximidades de Newcastle.
Ou, então, damos por nós a visionar aquilo que os dois gigantescos plasmas projectam, no caso um filme promocional da marca que começou por ser um conglomerado de várias indústrias e hoje é a companhia líder mundial das comunicações móveis.
Depois de ver e rever o filme, com uma atenção displicente, vezes sem conta, porque emitido em sessões contínuas, comecei a achar que as ruas e vielas, as lojas e os cafés, os rostos das pessoas, todo o ambiente enfim, me era demasiado familiar. E dei comigo a cogitar, Lisboa, não é possível! No meu provincianismo custava-me a acreditar que a capital portuguesa fosse o pano de fundo para a promoção de uma marca de telemóveis mundialmente reconhecida, no aeroporto de Londres...
Os pensamentos contraditórios atacaram-me então: se calhar é mesmo Lisboa, não, não pode ser, era lá possível...
Foi, pois, preciso, mais tarde, que uma bonita espanhola andaluza a viver na capital inglesa o confirmasse, para que eu finalmente considerasse verídico, o que me parecia ser completamente inverosímil. E aí surgiu a revolta comigo mesmo. Por não ter acreditado no que era óbvio e por ter sucumbido à tendência lusa para menosprezar o que é seu.
Como não podia deixar de ser, afinal era mesmo Lisboa, a nossa magnífica capital, com toda a sua magia, os seus encantos e recantos.
Como já fiz ao João (Carvalho Fernandes), também aqui te deixo aqui os meus votos de encorajamento nesta tua encarnação bloguística.
ResponderEliminarCaro António
ResponderEliminarMuito obrigado pelas tuas palavras; ao pé de ti sou um mero aprendiz.
Um abraço