terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

À Conversa com o Miguel Félix António

O que ensina um Pai a um filho? Que seja honesto, leal com as pessoas, respeitador, cumpridor, trabalhador….São, em regra, os valores transmitidos de geração em geração. A perspectiva inversa é assim afastada do comum das famílias e é com base neste código não escrito, que a educação é dada. Nada de estranho, dir – se – á. A estabilidade familiar primeiro e a ordem social depois, assentam nesta espécie de pilar erguido em torno de regras bem mais relevantes do que a ordem legal instituída, seja ela qual for. Todavia, e este foi um tema de conversa recente com o Miguel Félix António, há uma dúvida que cresce. Que sucesso poderá ter um jovem, por exemplo no mundo da política, se esse jovem seguir os ensinamentos do seu Pai? Por certo pouco ou mesmo nenhum. O triunfo, algo legítimo e natural para quem mais se esforça ou até para quem é mais inteligente, está associado à mentira, à deslealdade, à esperteza, à falta de carácter, à “flexibilidade” constante no plano das ideias. E esta questão tem hoje uma relevância muito grande. Não é falada, não é analisada, não é objecto de comentário nem de estudo, mas dá que pensar. De um lado os princípios base de uma família normal, do outro a selva. Aqui ganha o mais “forte”, ali impera o respeito. Temos dois mundos, numa só sociedade. O de casa, o da família e o da rua, só que a rua é hoje a política. Diz o meu amigo Miguel que este “hoje” talvez esteja a mais…, terá sido sempre assim. A luta pelo poder, tal como a sua manutenção, não tem regras e a história política não evoca a bondade, mas apenas a vitória. Porém, se assim é que pode um Pai dizer a um filho? Por certo uma coisa muito simples: que não se “meta” na política. Devemos condená-lo? Não, mas devemos lembrá-lo que desistir é perder.

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