Fala, fala, fala, apresenta medidas, volta a apresentar, mas nada ou quase nada é feito! Os resultados estão à vista!
Em 2005:
Biomassa é nova aposta energética do Governo
Em 2006:
Na quinta-feira, dia 19 de Janeiro de 2006, o Ministério da Economia e Inovação, com a presença do Senhor Primeiro-Ministro, apresenta um conjunto de novas medidas na área da energia previstas no Plano Tecnológico e na Estratégia Nacional para a Energia.
São hoje apresentados os concursos para Centrais de Produção de Electricidade a partir de Biomassa Florestal a lançar até ao final do mês de Janeiro.O aproveitamento da biomassa florestal para fins energéticos é encarado não só como uma oportunidade de negócio e de criação de emprego em zonas rurais, como é um dos instrumentos de luta contra os incêndios, através da limpeza das florestas.
Em 2009, já a realidade desmentia a propaganda:
Novas 15 centrais de biomassa ainda não saíram do papel
19 Janeiro 2009
A biomassa parece ser, definitivamente, uma aposta perdida deste Governo. Há três anos, o Executivo de José Sócrates anunciou, numa vaga de mediatismo, o desenvolvimento desta fonte de energia renovável, prometendo gerar um investimento próximo dos 250 milhões de euros e a criação de 800 empregos com a construção de 15 centrais de biomassa, de Norte a Sul do País.
Em 2010, a realidade é esta:
Em meados da passada década foram definidos objectivos ambiciosos para a Biomassa, na Estratégia Nacional para a Energia (Conselho de Ministros nº 169/2005 de 24 de Outubro): atingir 250 MW de potência eléctrica instalada até 2010, para produção de energia eléctrica com fonte na Biomassa florestal.
Para além do já antigo benefício do potencial de “redução de incêndios”, os projectos vislumbravam a promoção e desenvolvimento do sector florestal e silvicultor, e a óbvia produção energética com base numa fonte renovável e de emissões de carbono nulas.
Uma das grandes medidas para atingir o objectivo dos 250 MW foi o lançamento de um concurso público para a instalação de 15 centrais termoeléctricas a biomassa florestal com uma potência conjunta de 100MW.
Outra medida foi a apresentada no Decreto-Lei n.º 33-A/2005, de 16 de Fevereiro, que veio estabelecer uma tarifa favorável para a energia produzida em centrais de biomassa florestal (cerca de 109€/MWh durante os primeiros 25 anos após entrada em funcionamento). Esta tarifa é bastante superior à atribuída à da energia produzida em centrais hídricas, eólicas, de resíduos sólidos urbanos (RSU) ou biogás de aterro.
Sendo que em 2005 apenas existiam duas centrais termoeléctricas em funcionamento exclusivas a biomassa florestal, a central de Mortágua e a Centroliva, e alguns casos de utilização de biomassa na indústria em processos de cogeração, aproveitando resíduos de algumas das actividades produtivas, o número de centrais novas pouco aumentou. Fora do concurso entre 2007 e 2009 foram implementadas 5 novas centrais com uma potência total de 78 MW, o que totaliza pouco mais de 100 MW, ficando longe da meta dos 250 MW.
Do concurso de 100 MW ainda nenhuma das centrais se encontra em funcionamento, sendo que das 15, 2 não serão concretizadas, 8 estão adjudicadas mas apenas duas deverão arrancar entre 2010 e 2011.
E continua a venda da banha da cobra - agora em 2020 é que é!
Com o novo plano Estratégia Nacional para a Energia 2020, apresentado no inicio de 2010, o eixo das Energias Renováveis refere o cumprimento dos compromissos assumidos por Portugal no contexto das políticas europeias de combate as alterações climáticas, permitindo que em 2020, 60% da electricidade produzida tenha origem em fontes renováveis.
Este plano reitera o valor anteriormente apontado para a Biomassa, dando prioridade à instalação efectiva da potência já atribuída de 250 MW integrando mecanismos de flexibilidade na concretização dos projectos, assim como aprovar medidas de promoção da produção da biomassa florestal, assegurando a satisfação das necessidades de consumo e das metas estabelecidas.
"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. [.]
ResponderEliminarUma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro. Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas."
Guerra Junqueiro, “Pátria”, 1896.