quinta-feira, 19 de agosto de 2010

A essência da existência e o vazio dos tontos...

A política sendo um combate e uma constante luta pelo Poder, possuía outrora campos definidos. Lutar, conquistar e manter esse poder podia servir ao pragmatismo de uns quantos desejosos de comandar, de possuir, de dominar, mas isso não desprezava a razão primeira e última do próprio combate político. Houve quem tivesse traduzido os pressupostos filosóficos das Ideias políticas em lutas de natureza ideológica e isso contribuiu para delimitar campos, definir espaços, encontrar motivações para um envolvimento mais ou menos activo de pessoas, grupos e mais tarde de "classes".

O combate tinha bandeiras e sob a sua égide se escreveu, se publicou, se combateu, se morreu. Uns acreditavam na essência do Homem, outros pugnavam apenas pelo exclusivo existencialista; uns apoiavam-se na tradição, no costume, na evolução natural, outros erguiam a voz em defesa do racionalismo apontando à dita tradição a causa de males, de injustiças, de erros e de misérias; uns, mais tarde, ergueram o valor do individualismo libertário como guia supremo, outros indicavam uma visão personalista do Homem e sem lhe negarem direitos próprios, individuais e subjectivos, logo inalienáveis, chamavam a atenção para a defesa de instituições naturais ao Homem; outros ainda numa postura dita transpersonalista endeusavam o Estado considerando o homem uma simples "peça" no imenso todo.

Existiam lados, fronteiras de pensamento, causas, princípios e a luta política tinha substância. Ser conservador, democrata-cristão, socialista ou marxista traduzia algo de profundo e lembrava-nos que a disputa política era muito mais que um passeio tranquilo ou agitado em torno de vaidades ou benesses pessoais.

Mas foram-se as Ideias, os Ideais, os Valores e ficou um imenso vazio preenchido e ocupado pelos tontos de serviço, vassalos inconfessados dos novos senhores dos regimes e dos Estados. E aqui estamos ocupados com o nada, vagueando sem norte ao encontro do acaso.

A existência perdeu a essência e o Homem, o princípio de tudo, é simplesmente um escravo do mundo que criou.

Que fazer? Regressar com coragem às origens e assumir o combate da Liberdade individual.

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