Vários activistas dos direitos humanos foram 3ª feira condenados a penas de prisão, em Cabinda. Entre eles alguém que bem conheço: o ex-Vigário Geral de Cabinda, o Padre Raul Tati.
Segundo a acusação é responsável por ter incentivado o atentado à selecção do Togo. Mesmo sem nenhuma prova e até com a particularidade da própria acusação ter caído por terra, os juízes deram por confirmado o grande crime do Padre Tati: existe, é firme nas suas convicções em favor da Paz e da liberdade para o Povo a que se orgulha de pertencer. Com ele outros foram condenados por escreverem livros, participarem em reuniões, falarem...
Nada me espanta, mas entristece-me perceber como por cá somos tão covardes ao ponto de silenciarmos o que se passa e ignorarmos o que de concreto se vive em Cabinda. Já não somos nada vergados que estamos à dependência financeira e económica de Angola, ao ponto de trairmos o que escrevemos na Constituição e proclamamos em discursos de circunstância.
No meio das trevas honra-se a deputada Ana Gomes que ergue a voz no Parlamento Europeu para dizer que o rei vai nu.
Os sinos deixaram de dobrar em Portugal pela Liberdade e nós somos serventuários de um qualquer poder que artificialmente nos convence que somos Homens.
O 25 de Abril morre em Portugal todos os dias e o nosso silêncio sobre o que se passa em Cabinda é apenas mais um sinal da sua morte!
Apesar de ter agora a certeza de que o poder militar de Angola vai calar, com a conivência petrolífera da comunidade internacional, todos aqueles que na colónia de Cabinda lutam pelos seus direitos, grande parte da comunicação social portuguesa continua a passar ao lado do caso.
ResponderEliminarE os que não passam ao lado, esqucem as violações dos direitos humanos naquela colónia angolana, de que são claros e inequívos exemplos as prisões do padre Raul Tati, do advogado Francisco Luemba, do economista Belchior Tati e do engenheiro Barnabé Paca Peso.
Mais uma vez, grande parte da comunicação social portuguesa amplia a voz dos donos do poder, na circunstância o MPLA, esquecendo que a sua função básica é dar voz a quem a não tem, neste caso aos cabindas detidos em execráveis condições.
Razões para essas prisões? As que deram e as que darão mais jeito ao regime colonislistas angolano. Luanda disse que aqueles ilustres cabindas punham em risco a segurança do Estado (ocupante), sobretudo porque tinham na sua posse o mais subversivo livro da história da humanidade: “O problema de Cabinda exposto e assumido à luz da verdade e da justiça”, de que é autor o também condenado Francisco Luemba.
Orlando Castro