1. Falemos de LIBERDADE
Apesar dos blogues, de artigos de opinião, de análises e comentários, quantos são os cidadãos verdadeiramente livres? Livres para poderem dizer tudo, ao ponto de apontarem ao coração daquilo que realmente conta e não devia contar? Houve um tempo em que a liberdade, descontando os loucos e os ricos, era apanágio dos profissionais liberais, principalmente dos advogados, dos professores universitários e dos corajosos, daqueles que correndo riscos de vida ousavam enfrentar os regimes, os sistemas, os senhores do mando. A história que lemos retrata o seu nome e de quando em vez falamos deles para honrar a força que hoje não temos.
Mas vamos por partes. São agora os advogados livres? Na maior parte dos casos não são. Se olharmos para muitos dos chamados grandes escritórios facilmente percebemos como a sua "grandeza" depende da ligação política, nacional, regional ou local, e como a sua actividade está limitada, condicionada, prisioneira até, de assuntos que convivem pouco com o direito e nada, ou quase nada, com a justiça. Tirem o Estado e os seus negócios de muitos escritórios e vejam como o balão que os enche depressa se esvazia.
E os professores universitários? Ainda são livres? Em muitas circunstâncias também não.Há quem ainda o seja, mas em raridade crescente! Governos sucessivos transformaram-nos em funcionários dependentes limitando a sua criatividade, o seu sentido crítico, e a sua análise rigorosa a relatórios de conveniência, a estudos redondos, a investigações que alimentam mudanças espúrias, inconsequentes e sem nenhum alcance. Então depois de Bolonha nem se fala.
E corajosos, se preferirem heróis? Existem? Pessoas que estejam disponíveis a sacrificar a sua comodidade diária, o seu conforto caseiro, a segurança do seu emprego, a boa graça de um director de jornal? São raríssimos e quando existem eis que em seu redor se erguem os novos goulags criados para o isolamento absoluto e a marginalização total.
Que sobra? Desculpem-me, mas em muitos casos sobra a conversa da treta, aquela que é feita de lugares comuns e que interessa ao regime para manter a aparência de regime livre.
Em privado somos todos uns grandes heróis, em público estamos sempre a medir as consequências do que dizemos, como dizemos e a quem atingimos.
Se assim não fosse....
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