Pe Pio Wacussanga: Libertar o Padre Tati – compromisso com a ONU e com África
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Publicado a 22 May 2010 sob Artigos em Destaque, Direitos Humanos - Comunidades
Acabo de chegar de participar de uma intensa abordagem, na África do Sul e na Gâmbia, sobre a pandemia do SIDA e os direitos humanos. Durante este tempo todo, em pleno Ano Sacerdotal, quando me deitasse, lembrava-me dentre outras pessoas, do Servo de Deus, o Padre Tati Raul. Perguntava-me a mim mesmo, porque foi ele privado de liberdade? Não têm consciência aqueles que o mantêm cativo, que encarceraram um homem de Deus cujas mãos estão ungidas com óleo do Santo Crisma? A única culpa do Padre Tati Raul é almejar a liberdade, a liberdade de consciência, a auto-estima da memória, da colectividade enquanto espaço de auto-afirmação e celebração da identidade especificamente Cabinda no quadro da Angolanidade, parafraseando o meu amigo, o Padre Jorge Casimiro Congo. (...)
O Padre Tati Raul está preso porque ele é ícone da memória colectiva, celebra-a enquanto sacerdote e vive-a como o ar que respira! Nos tempos que correm, cresce o culto da memória. (...)
PADRE TATI
O Estado angolano continua prisioneiro do passado: ao querer ver o Padre Raul Tati a elanguescer na cadeia, quer passar uma mensagem: que seja exterminada sua descendência e seja apagado o seu nome de geração em geração (Salmo 109, 13). (...)
Pode dizer-se o que se quiser do padre Tati. Mas eu dou o meu singelo testemunho do Padre Raul Tati.
Os crimes contra a memória são crimes contra a humanidade e como tais não prescrevem!
Por isso, em nome da memória, em nome do Sacerdócio comum e do ministerial, eu apoio plenamente a marcha de 22 de Maio a favor da libertação do meu colega e de companheiros de cela, bem como da cultura da afirmação dos Direitos Humanos em Angola. (...)
Porque o Padre Tati continua preso, eu estarei unido a ele! Se na hora da manifestação, tiver conseguido o bilhete, irei para Cabinda, pelo menos para vê-lo, pois me constou que estava um pouco adoentado. Quero fazer isto, querendo Deus, antes de voltar a Genebra, dia 10 de Junho, data em que o Relatório do Exame Periódico Universal de Angola será finalmente adoptado. Se até lá, o Padre Tati não estiver livre, eu vou falar bem alto o nome dele e exigir a sua libertação já!
Padre Tati Massumu, que a protecção maternal da Virgem Maria neste Ano Sacerdotal te cuide e te preserve de todo o mal. Ámen!
Padre Jacinto Pio Wacussanga
Permita associar-me a este artigo e aqui prestar o meu testemunho do carácter e da dignidade do Padre Raul Tati.
ResponderEliminarConheci o Padre Raul Tati em Lisboa.
Um diplomata.
Homem de Coragem e convicções pacíficas.
Foi e é seu ideal, resolver pacificamente a questão de Cabinda através dos esforços e bons oficíos das Nações Unidas.
Em momento algum, e friso, em momento algum, o Padre Tati revelou fosse em que contexto fosse, qualquer intenção ou tendência belicosa.
Nunca, ou em momento algum, seria refém de atitudes que visassem eliminar outro ser humano.
A atitude do governo angolano apresenta-se na sua real dimensão: desrespeitadora dos mais elementares direitos humanos, e nega uma vez mais a tão mercantilizada e falsa imagem de democracia.
O Padre Raul Tati foi injustamente encarcerado, sem dignidade e sem direito a defesa ou recurso. Estes são os métodos do governo angolano.
Faço votos que possa ser tratado com dignidade e respeito, e que efectivamente possa fazer valer a verdade.
Concordo consigo. Eu conheci o Padre Tati em Cabinda, quando ele era o Vigário Geral da Diocese e privei com ele, várias vezes, em Lisboa.
ResponderEliminarHomem de fé, cordial, firme nos seus valores e nas suas crenças, ele é um homem de Paz. O seu sonho, e esse é talvez o seu único crime, foi e é ver Cabinda e o seu Povo tratados com respeito e dignidade. Fui testemunha da sua vontade num diálogo franco com as autoridades de Angola e nunca o vi defender acções contrárias aos mandamentos da religião que professa.
Estive presente na Ordenação Sacerdotal do P.e Raul Tati. Em 8 de Dezembro de 1991, em Tchiowa, a convite do saudoso e corajoso Bispo de Cabinda D. Paulino Fernandes Madeca. Consegui privar com o P.e Raul Tati e recordo-o com saudade e uma estima imensa. Decidiu-se pelo seu Povo mártir e fez bem. Conta com o meu apoio incondicional e ao P.e Raul Tati estou muito unido, mesmo não me encontrando com ele há mais de uma década.
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