O princípio de uma greve, tenha ela o objecto que tenha, deve assentar, creio e convenço-me, na exteriorização assumida de descontentamente perante uma situação considerada injusta e que carece de re-apreciação.
Em 90% dos casos, as greves nascem de princípios sólidos de aceitabilidade mas alicerçam-se em ideias de aplicabilidade perfeitamente irracionais.
Não colhe o argumento de uma greve dos motoristas da CP, se considerarmos que a maioria dos utilizadores compra o passe mensal e de pouco ou nada vale a greve no custo final da empresa. O efeito racionalmente prático é apenas um: prejudica-se o habitual utilizador em larga escala e em muito pouco o alvo da mesma. Quem mais prejudicado pela greve da CP senão os seus diários utilizadores?
Assim e neste base de premissas erradas, consideramos necessário explicar que a EN13 não é alternativa à A28 (entre Porto e Viana).
E mesmo perante mais de 200 entroncamentos e mais de 150 passadeiras, 69 cruzamentos, 16 rotundas e as 24 intersecções semaforizadas ou ainda zonas de interdição a veículos pesados (numa extensão de 50 km) que surgem como alternativa apresentada pelo actual Governo, decidimos (num plural solidário com os movimentos) fazer, imagine-se, marchas lentas.
Ora perdoem-me a frieza mas se há pessoa muito pouco preocupada com o congestionamento do trânsito na A28 em dia de marcha lenta, garantidamente é o Sr. ministro.
Com base neste princípio e não querendo deixar de concluir o meu anterior raciocínio, questionei-me por diversas vezes sobre os sucessos do FCP, sobre os temas fracturantes da regionalização e em todos eles encontrei um denominador comum. A raíz deste sucesso não está no modelo ou nem mesmo no que se cria no seio do grupo. A raíz deste sucesso, convenço-me e creio piamente, está no "temor" criado junto do "outro". O outro é a região do lado, o clube rival, etc...
Assim, e por mero conselho, se querem evitar portagens nas scuts, vejo com agrado que façam marchas lentas, mas façam-nas ecoar bem alto. Peguem nos utentes e façam uma marcha lenta na 2ª circular, e nas entradas de sul e garantidamente que deixarão ecoar bem mais alto o vosso desagrado. Lisboa inundada pelo caos do trânsito em coro de protesto tem um efeito bem diferente. E o "efeito colateral" (termo tão na moda) será bem menor para quem já usa a A28 diariamente.
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