Passa hoje um quarto de século sobre o dia em que um conjunto de alunos e de professores da então Universidade Livre, situada na Rua Vítor Cordon, ao Chiado, em Lisboa, tomaram nas suas mãos o seu próprio destino, enquanto estudantes e mestres.
A Universidade Livre era na época a única instituição de ensino superior não pertencente ao Estado, à excepção da Universidade Católica que tinha e tem um regime próprio.
A Livre fora criada depois da Revolução de 25 de Abril, no rescaldo dos conturbados momentos vividos nas universidades públicas e, principalmente, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, na qual tiveram lugar amplos processos de saneamento de professores que haviam desempenhado altos cargos públicos no anterior regime, em particular nos governos de Oliveira Salazar e Marcelo Caetano.
Por motivos que não interessa agora esmiuçar, com a afirmação da Livre no mercado universitário português, engrossou a luta pelo poder interno entre duas facções.
A guerra provocou uma deterioração tal entre as partes que acabou por chegar aos alunos. A Direcção “de facto” de então substituiu de forma mais ou menos generalizada o corpo de docentes que tinha estado na génese da fundação da universidade. E a resistência dos estudantes começou a formar-se, num contexto em que as aulas haviam sido suspensas.
Lembro-me bem de um dia, princípio de noite, o telefone de casa dos meus pais ter tocado (ainda não havia telemóveis…). Do outro lado da linha era o meu amigo e colega do 3.º ano de Direito, João Eusébio, dizendo-me que tínhamos que fazer qualquer coisa porque senão acabaríamos por perder o ano…
Numa comunhão de interesses rara, os contactos foram-se estreitando entre um conjunto de alunos e os professores apeados.
E na madrugada do dia 22 de Março de 1985, depois de uma noite em claro numa quinta nos arredores de Lisboa, professores (poucos, mas bons) e alunos (cerca de 50 a 60 de vários anos) irmanados no mesmo espírito irromperam pelas instalações do Chiado, iniciando um movimento que levaria à criação da Universidade Lusíada, à sua afirmação e aos seus êxitos no panorama do ensino superior em Portugal.
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