segunda-feira, 15 de março de 2010

Passos Coelho

Conheci pessoalmente Passos Coelho quando ele era secretário - geral da JSD, mas foi em casa do Luis Coimbra, um fundador do PPM, que mais com ele conversei.Num serão, em que participaram também o Paulo Teixeira Pinto e vários professores universitários. Eles tinham fundado o "Pensar Portugal", um movimento de reflexão, que analisava a possibilidade de pedir um referendo sobre os Tratados europeus. A conversa juntou monárquicos, republicanos, sociais - democratas, liberais e conservadores. Todos com pensamentos diferentes sobre muitos aspectos da vida política, mas com preocupações, e até sensibilidades, muito próximas sobre o futuro de Portugal enquanto Estado livre, forte, autónomo e independente.

Passos Coelho soube ouvir e perguntar, sem deixar de dizer o que pensava. Apreciei a sua lisura, a sua capacidade de argumentação e o elevado grau de conhecimentos (não sendo ele um jurista), das normas constantes dos Tratados. Mas mais do que tudo, e já lá vão cerca de sete anos, percebi estar diante alguém com ideias muito precisas sobre o país. Convicto da sua ligação partidária, sem dela depender na sua vida pessoal e profissional, soube no diálogo mantido ter a consciência de que há temas, momentos e objectivos que ultrapassam os muros das filiações.

Eu não sou do PSD, nem para ele estou em trânsito. Sou um conservador político e um defensor da Europa das Nações. Aos 13 anos comecei a militância na Juventude Centrista, organização da qual fui presidente, durante quatro anos, e em 1992 fui eleito presidente do CDS, que mais tarde adoptaria, por meu impulso e proposta, o nome de Partido Popular. Em finais de 2003 participei na fundação do Partido da Nova Democracia, a que também presidi até Janeiro de 2009. Sou, acima de tudo, um português livre, consciente de que os partidos são sempre meios ao serviço de valores, de princípios, de ideias, de propostas e de fins. Foi em nome dessa liberdade que estive no CDS - PP e que dele saí para fundar o PND. Nunca me movi por arranjos de poder e o tacticismo nunca pesou nada nas minhas opções e decisões.

Enquanto jovem fui um entusiasta da AD de Sá Carneiro, de Amaro da Costa, de Freitas do Amaral, de Ribeiro Teles e de tantos outros, ainda enquanto jovem, e em representação da JC, militei na campanha do Prá Frente Portugal e mais tarde do General Soares Carneiro. Conheci a política enquanto movimento de Causas e percebi como os Ideais são importantes na mobilização. Sempre busquei a síntese entre o realismo e o idealismo, mas não prescindo de dizer o que penso politicamente sempre que isso corresponda a uma manifestação da minha vontade.

Quando liderei o PP percebi como apesar da democracia formal, continuamos com um regime de "castas" encobertas, dissimuladas, auto - protegidas, zelosas dos seus privilégios e pergaminhos. Comportam - se como donas do Estado, dos partidos, do mercado e das vias de acesso aos lugares cimeiros. Noutros tempos chamavam - lhe a "corte", hoje são o sistema e de forma hábil, pensada, planeada, decidem quem deve presidir, quando e em que circunstâncias. Tal como no passado em relação a muitos, também hoje se movimentam contra Passos Coelho temendo a sua autonomia, desconfiando da sua liberdade.

Essas "castas" são fortes com qualquer governo e o passaporte que possuem dá - lhes para transitar, sempre e com a mesma liberdade, seja qual for o Presidente da República, o Primeiro - Ministro ou o partido liderante. Não querem a mudança e detestam a possibilidade dos partidos terem na sua direcção pessoas que delas não dependam. São a um tempo abutres e coveiras da democracia, esquecendo que só se geram alternativas quando há pessoas que admiramos e que respeitamos na acção política, mesmo que com elas não concordemos ou até que nelas nem votemos. A divergência de ideias não é incompatível com o respeito e a admiração pelos adversários.

Nada devo a Passos Coelho e dele discordo em muito mas espero, para o bem da democracia e para o futuro de Portugal, que seja escolhido para liderar o PSD.Espero e desejo que a verticalidade, a coerência, a sensatez e a determinação que testemunhei em casa do Luis Coimbra, o acompanhem nesta sua caminhada.

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