Governar bem é o que toda a gente reclama.
Mas o que é governar bem?
Quantas vezes não lemos, ouvimos e vemos dirigentes dos partidos da oposição exigir que os governos governem bem. E, ao mesmo tempo, instar que cumpram aquilo que prometeram nas campanhas eleitorais. Que precisamente consideraram na altura como sinónimo de mal governar e por isso apresentaram as suas propostas alternativas em ambiente adequadamente crispado e devidamente dramatizado.
Passado o Carnaval em que a maioria das campanhas se transformam, aí estão todos os que não chegaram ao Governo a reclamar que quem ganhou cumpra o que prometeu (que pouco tempo antes, durante a folia eleitoral, era considerado como péssimo) e ao mesmo tempo a intimar que governem bem.
Na perspectiva da oposição, pedir em simultâneo que se governe bem e que se cumpra o que se prometeu configura uma clara contradição.
Das duas uma: ou se cumpre aquilo que se prometeu e então do ponto de vista da oposição está-se a governar mal; ou não se cumpre o que se prometeu e poderá, quiçá, haver então boa governação.
Governar bem não pode ter, em democracia, o mesmo significado para todas as pessoas. Governar bem para uns, poderá naturalmente ser governar mal para quem se lhe opõe. Pelo que governar, bem ou mal, depende da perspectiva.
O consenso a todo o transe, a unanimidade tendencial, as tomadas de posição pouco claras quando os assuntos aparentam ser incómodos para a maioria da população são tudo receitas pouco recomendáveis para a vitalidade das alternativas políticas e que só contribuem para o pântano e para aumentar a fissura entre quem vota e quem é eleito. E também para aniquilar o debate e a polémica, ingredientes indispensáveis ao funcionamento do regime democrático.
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