quarta-feira, 28 de abril de 2010
JOÃO FERREIRA DO AMARAL EM JUNHO DE 2005: "Há grande desilusão na Europa com o euro. Será que o euro sobreviverá?"
Publicamos hoje um breve resumo da comunicação efectuada pelo Prof. João Ferreira do Amaral, reputado economista e catedrático do ISEG ao Conselho Geral do Partido da Nova Democracia no início de Junho de 2005. Sim! Foi há quase cinco anos!
A exposição começou com um resumo daquilo que os países perderam com a instituição da moeda única - o euro.
Segundo Ferreira do Amaral, a Política Monetária e Cambial própria acabou, tendo as Políticas Orçamental e Remuneratória ficado fortemente limitadas, para os países da zona euro.
Considerou que "não há razão nenhuma para dizer que a instituição da moeda única foi um êxito, antes pelo contrário". Com efeito:
1. Os países da zona euro têm tido crescimentos inferiores aos que tinham antes do euro e aos dos três países que não aderiram.
2. A nível orçamental aumentou a indisciplina. Em termos de finanças públicas também não surtiu efeito.
3. Em termos de estabilidade cambial, também não se pode dizer que se confirmaram as previsões e o euro flutuou mais em relação ao dólar do que a libra ou o yen!
4. As taxas de desemprego aumentaram e bastante mais do que nos países que decidiram não aderir.
5. Apenas a nível de inflação se pode falar nalgum benefício, que acaba por ser marginal dada a evolução dos outros aspectos.
Em Portugal a situação ainda é mais grave: divergimos do (fraco) crescimento comunitário e é preocupante que a nível dos chamados bens transaccionáveis (os que se podem exportar ou importar) desde o início dos anos 90 que sistematicamente Portugal está a divergir da União Europeia. E acresce que à desaceleração da economia está também (ao contrário do que costumava acontecer) a corresponder um aumento do défice da Balança de Pagamentos.
Taxas de juro demasiado baixas levaram a expansão do crédito, principalmente o crédito ao consumo, com elevado endividamento das Famílias. E com o aumento do desemprego, a situação pode tornar-se explosiva!
"Há grande desilusão na Europa com o euro. Será que o euro sobreviverá? Não sei. Que alternativas haverá? É isso que tem de ser pensado. O Sistema Monetário Europeu não funcionava bem..." Era demasiado instável, mas seria possível alterar as regras de modo a garantir estabilidade, com flutuações que correspondessem às vicissitudes da economia e não por especulação e com a possibilidade de os países seguirem políticas próprias.
É este trabalho de estudo de alternativas que deveria ser feito. Uma coisa é certa: "A moeda única foi feita para garantir a integração política e não como deveria ser, para melhorar a economia e o bem-estar das pessoas".
E um aspecto preocupante é que "o impacto negativo do euro é capaz de ser ainda mais forte no futuro, principalmente em Portugal".
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