“Manso é a tua tia, pá!”
Incrível! No momento grave em que a Nação
Dorme (ou finge dormir!) à beira dum vulcão,
Nesta hora tremenda, hora talvez fatal,
Há quem graceje como em pleno carnaval!
E assim vamos alegremente, que loucura!
Cavando a todo o instante a própria sepultura…
No dia d'àmanhã ninguêm pensa, ninguêm!
Os resultados vê-los hão… caminham bem…
Divertem-se com fogo… Olhem que o fogo arde…
E extingui-lo depois (creiam-me) será tarde…
Já não é tempo… As lavaredas da fogueira
Abrasarão connosco a sociedade inteira!
A mim o que me indigna e ruborisa as faces
É ver o exemplo mau partir das altas classes,
Sem se lembrarem (doida e miserável gente!)
Que as vítimas seremos nós… infelizmente!
Não abalemos, galhofando, assim à tôa,
A égide do Scetro, o prestígio da C'roa!
Quando a desordem tudo infama e tudo ameaça,
A Rialeza é um penhor…
Guerra Junqueiro - Pátria
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