Os portugueses comuns, nos quais me incluo, compreendem a necessidade de sacrifícios e desejam a estabilidade e o entendimento nas questões nacionais; porém os portugueses comuns, nos quais me continuo a incluir, não entendem que a crise tenha de ser suportada sempre pelos mesmos - a classe média.
Se um administrador de uma empresa, ou o vulgarmente chamado de "patrão", pede sacrifícios, anuncia corte de salários, diminuição nos subsídios, aumento do horário de trabalho e de seguida parte para uma viagem faustosa, troca de carro e é visto em permanente festança, os subordinados podem ter de aceitar as imposições mas a sua revolta interior será imensa.
Quando falta o exemplo, o rigor nos dirigentes e a mudança de atitude em quem lidera, nenhum grupo se sentirá motivado para enfrentar a tempestade anunciada e sentida.
E este é um drama nacional tão ou mais grave que a profunda crise financeira que temos em mãos.
Não é aceitável que se mantenha o programa de grandes obras públicas; não é aceitável que o Estado, apesar do enfado demonstrado nos discursos, não imponha cortes nos salários de centenas de administradores e gestores de empresas públicas ou semi-públicas; não é aceitável que centenas, talvez milhares, de pessoas que povoam institutos públicos, empresas municipais, departamentos do Estado, mantenham níveis de despesa totalmente incomportáveis; não é aceitável que alguns -sem mérito, sem critério, sem explicação- brinquem com a nossa dignidade.
O Povo tem direito à revolta, à indignação, ao protesto. E essa manifestação não é de esquerda, nem de direita. É apenas tributária do BOM SENSO
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