terça-feira, 21 de setembro de 2010

Sinal dos tempos 2

O Manuel Monteiro dá um bom exemplo no post anterior do que são os sinais dos tempos que vivemos, designadamente, no plano político.

Por diplomacia, certamente, não quis lembrar que o CDS foi o único partido que em 1976 votou contra esta Constituição. Sim, porque apesar de mais de meia dúzia de revisões, a Lei Fundamental continua, no essencial, a ser a mesma...

A despropósito, invoco outros exemplos, completamente distintos e bem mais prosaicos, mas bem reveladores, de que se há coisas que não mudam (mal), há outras que mudam (bem).

Esta 2.ª feira tomei o pequeno almoço numa das mais conhecidas pastelarias do Chiado e experimentei pedir que o galão fosse composto de leite magro, o que achei perfeitamente normal, dado que em qualquer grande superfície o leite à venda pode ser magro, meio-gordo ou gordo. E com os apelos sucessivos à alimentação racional e equilibrada, julguei estar a fazer um pedido completamente moderno...

A empregada manifestou uma total surpresa com o meu pedido, como quem diz, luxos desses nem pensar, o senhor julga que está onde? Em Paris? Nalgum resort nas Caraíbas?

Conformado - que remédio - saí a pensar noutro tipo de situações idênticas, por vezes de sinal contrário, como, por exemplo, quando pedimos numa cervejaria se têm tremoços e nos olham com um ar de desprezo, como quem diz, o senhor julga que está nalguma taberna? Como teve o dislate de pedir essa insignificância? Isto aqui é uma casa fina...

Ou quando pedimos gelo e nunca há, mesmo nos restaurantes ou bares supostamente "raffinés" da moda. Como se a água no estado sólido fosse um bem com custo semelhante ao caviar ou às trufas.

Mas, felizmente, outras coisas, deste tipo, mudaram para melhor. Lembro-me bem do "terror" que era ir ao barbeiro e não conseguir que este, após o seu trabalho, nos lavasse a cabeça, de forma a expulsar os restos de cabelo que pululavam. Hoje, praticamente não é preciso pedi-lo, mesmo numa barbearia mediana. Esse outrora luxo, deixou de o ser, e ainda bem.

É verdade que - infelizmente cada vez menos - algumas outras coisa não mudam (bem)... mas outras mudam (muito mal)...

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