quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A austeridade do exemplo e os alfinetes...

NOTA PRÉVIA
Cada um, à sua maneira e no seu tempo, disse o que ia acontecer. Uns desde ontem, outros há vários anos. Todos acertaram, até aqueles que aplaudiam os caminhos de Portugal quando tudo eram rosas pintadas de milhões da CEE, que diariamente entravam pelas nossas fronteiras ainda que à custa da destruição da economia, ainda que com a entrada no euro a um custo superior à nossa realidade económica, ainda que tudo isso tenha contribuído para dar milhões a alguns e a penúria a muitos.
Não me espantará até se amanhã vierem pedir a redefinição das políticas da OMC (Organização Mundial do Comércio), num coro tardio de críticas à mais que desleal concorrência de países asiáticos, que semana a semana nos empurram para a pastorícia dos nossos antepassados. Mas adiante. De que vale ter razão antes de tempo, se a vista dos que mandam e votam é mais curta do que a razoabilidade exigiria? Não vale de nada, porque a ignorância não é apenas aliada da incompetência é a grande cúmplice da fraude e do erro.

O Presente austero e a importância do exemplo
1. Sempre que alguém sugere determinados cortes nas despesas do Estado eis que surgem vozes eloquentes falando de alfinetes...Dizem que esses eventuais cortes são "inofensivos" e ineficazes na contabilidade final. ENGANAM-SE. O exemplo também conta e quando os de baixo, e os do meio, vêem os de cima sem alterarem os seus padrões e comportamentos a revolta e a desconfiança surgem inevitáveis.

Falta o EXEMPLO, a ÉTICA do comportamento, a SOBRIEDADE da atitude, para podermos acreditar no que nos dizem e fazer o que nos pedem.

Há medidas que têm de ser exigidas, em nome desse exemplo, em nome da ética, em nome da sobriedade.E que têm de ser exigidas no próximo OE.

1ª - Os subsídios mensais aos partidos (provindos dos impostos) deveriam reduzir para metade (partidos e grupos parlamentares a nível nacional e a nível regional);

2ª - Como medida política, indexada ao OE e para vigorar no futuro próximo, deve exigir-se a redução em 35% da classe política. Deputados, Ministros e Secretários de Estado, Assessores e Adjuntos (deve existir um tecto máximo de membros dos gabinetes), membros das Assembleias Municipais, Vereadores, Juntas de Freguesia;

3ª - Extinção imediata de Institutos Públicos (ou fusão quando a extinção for desajustada para o interesse público);

4ª - Indicação das rubricas a que se destinam as transferências do Estado para as Câmaras Municipais. Estamos a falar dos impostos dos portugueses que não podem, em nome da autonomia local, continuar a ser desperdiçados em Empresas Municipais e em gastos sumptuários de muitas vereações (pavilhões desportivos sem utilidade, campos de futebol, subsídios directos e indirectos a clubes...);

5ª - Igual medida em relação às Regiões Autónomas. A autonomia tem um preço, mas esse preço não tem de ser suportado pelos portugueses para manter benesses sem fim de uma classe que ao longo dos anos engordou à custa do emagrecimento colectivo;

6ª - Corte em 20% dos salários e ajudas de custo dos Administradores das Empresas Públicas e de todas as Instituições ligadas ao Estado (Hospitais, Entidades Reguladoras, Caixa Geral de Depósitos, Transportes...);

7ª - Exigência de igual corte por parte do accionista Estado (directa ou indirectamente), em relação às empresas em que participa. Exemplo da EDP. Não é admissível e choca a mais elementar sensatez que os Presidentes de certas companhias portuguesas ganhem mais do que ganham os Presidentes de companhias congéneres europeias;

8ª - Suspensão imediata das funções em Empresas ou organismos públicos, em lugares de administração ou assessoria, por parte de pessoas que estão reformadas pelo Estado;

9ª - Corte das avenças com escritórios de advogados (estamos a falar de milhões de euros), por parte das Empresas e Organismos Públicos que têm gabinetes jurídicos.

Eis o que o cidadão comum, da direita ou da esquerda, espera e exige. EXEMPLO, ÉTICA, SOBRIEDADE. E depois espera CREDIBILIDADE para avançar no sentido certo. E este Governo não a tem. Quem continua a acreditar e a dar crédito a um Governo desta índole ou é tonto ou simplesmente tem interesses ocultos.

Fazer sacrifícios implica acreditar naqueles que os pedem. E ninguém pode exigir o que quer que seja a nenhum português e a nenhum líder político da oposição, quando não se acredita.

Podemos dar as chaves de nossa casa a quem a assaltou? Este governo não merece continuar em funções e não pode continuar a ter o beneficio da dúvida.

3 comentários:

  1. Aqui está um bom caderno de encargos para o PSD ou o CDS aceitarem viabilizar o Orçamento de Estado. Tudo o mais são tretas.

    ResponderEliminar
  2. Será que os actuais membros da Assembleia da Republica e demais cargos politicos não conhecem estes factores? Sim, sabem que podiam fazer tudo isso...apenas não têm sentido de Estado! Parabéns pelo texto, caro amigo Dr. Manuel Monteiro.
    Abraço

    ResponderEliminar