A propósito da ideia que começa de novo a germinar entre a "inteligentzia portuguesa" de se dever avançar para a adopção do voto obrigatório, mantenho o que escrevi na edição do Público de 12 de Julho de 2009 e que é em síntese o seguinte:
Até estaria disposto a aceitar essa restrição à liberdade individual (já há tantas bem mais incompreensíveis), cominando o seu incumprimento com o agravamento do IRS, mas com uma condição que, essa sim, poderia induzir o aparecimento de melhores políticos e contribuir para haver mais qualidade nos partidos.
E qual seria essa condição? Muito simplesmente que a percentagem dos votos brancos e nulos se traduzisse em lugares de deputados não preenchidos.
Isto é, num sistema de voto obrigatório, para um resultado em que os brancos e nulos tivessem, por exemplo, 30% dos votos totais, no actual Parlamento português, os partidos apenas repartiriam entre si 161 lugares de deputados (230-69).
Contudo, pessoalmente preferiria uma formulação diferente, que apontasse para incentivar o voto, sem o tornar obrigatório. Beneficiando por exemplo os votantes com um expressivo desconto no IRS a pagar. Porque a “cenoura” é sempre mais atractiva do que o “pau”…
Meu caro Miguel, a indiferença é uma das poucas liberdades que nos restam. Se ao menos se pudesse fumar na bicha... (sim, bicha... politicamente incorrecto). Mantenhamos ao menos o Direito à Indiferença. Obrigar a votar é como obrigar um jogador a apostar numa roleta onde saem sempre os mesmos dois ou três números ... e onde quem fica com o dinheiro é o Casino, qualquer que seja o número que saia.
ResponderEliminarMeu caro Diogo, tens toda a razão e, por isso, é que eu também não sou um apologista do voto obrigatório, embora se me fizessm um desconto significativo no IRS não me importasse assim tanto...
ResponderEliminarCá para mim, Miguel, em vez do desconto, preferia um sistema electrónico, tipo Bolsa, com cotações em contínuo no dia das eleições, em que um tipo pudesse vender o voto a quem no momento estivesse a pagar mais. Tinha a vantagem da transparência (mais ou menos, pelo menos dava para entrever o Coelho no fundo da cartola...) e da rentabilidade...
ResponderEliminaresta votação deveria obedecer à lei dos referendos. Mais de 50 por cento de abstenção, a votação não conta.
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