terça-feira, 26 de outubro de 2010

Adelino Amaro da Costa

Fui ontem ao Grémio Literário à cerimónia de lançamento do livro sobre Adelino Amaro da Costa - Histórias de uma vida interrompida, da autoria de sua irmã Maria do Rosário Carneiro e da jornalista Célia Pedroso. Casa cheia com familiares, amigos, antigos colaboradores e simples admiradores, com era o meu caso. Brilhante a apresentação feita por Marcelo Rebelo de Sousa, comovente a efectuada pela irmã e objectiva a produzida pela jornalista.

Conheci pessoalmente Amaro da Costa no dia 18 de Novembro de 1980. Um dia chuvoso, como que a prenunciar um Inverno atribulado. Na Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar assinalava-se a profunda remodelação da sede, ao tempo na Calçada do Marquês de Abrantes, em Lisboa.

Tinha ido representar o Batalhão Colegial, juntamente com o aluno Comandante de Batalhão, João Taveira, em tão importante e simbólico acto, para todos os que um dia tiveram a honra de envergar a farda cor de pinhão.

Escusado será dizer que éramos os benjamins, os únicos fardados, que todos os presentes – à excepção de um, que haveria de chegar – também já tinham vestido.
Entre generais, almirantes e um marechal, advogados, engenheiros, médicos e economistas, em destaque, que ostentavam a barretina na lapela, nós éramos naturalmente o centro de muita curiosidade sobre o Colégio.

Todos esperávamos, no meio de muita conversa e do recordar de episódios pitorescos da vida colegial de cada um, a excepção…o único que não tinha sido “Menino da Luz”.

Já tarde, como parece que era seu hábito, e como Marcelo magistralmente lembrou, lá apareceu Adelino Amaro da Costa, Ministro da Defesa Nacional, acompanhado do Manuel Pinto Machado, adjunto do seu Gabinete.
Lembro-me bem, como se fosse hoje, das primeiras palavras que então nos dirigiu, “Então, têm praxado muito os mais novos? Têm-lhes posto açúcar na cama?”.

A vivacidade e entusiasmo que logo colocou na conversa foram na altura para mim marcantes.

Eu tinha já ouvido falar muito da sua inteligência, coragem e alegria de viver, pelo que nos meus 18 anos acabados de perfazer, era uma grande honra poder conhecer pessoalmente um brilhante estratega e um político nato que muito admirava.

Por isso, foi com muito gosto que ontem me associei à homenagem a um homem que, se ainda fosse vivo, não estaria certamente reformado da vida e que nestes tempos de aparente desnorte saberia muito bem apontar um rumo, certamente e ainda bem, não consensual.

3 comentários:

  1. Também lá estive e concordo contigo , no que respeita ás excepcionais palavras do Marcelo. Brilhante.
    Não percebi muito bem a escolha de Soares para prefaciar o livro, mas enfim......

    Recordo perfeitamente o que contas na Associação. Após isso o Ministro doou do orçamento do seu gabinete 1000 contos para as obras da sede

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  2. Ainda bem, que os homens têm memória, para poder recordar e homenagear, quem tem esse direito inequívoco e conquistado na História de Portugal. É pena, que não seja algo muito comum no nosso país, diria mesmo, é muito raro.

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  3. prefácio de Mário Soares... causa-me calafrios...
    enquanto continuarmos com este "porreirismo" (Soares é fixe...), a misturar Homens como Amaro da Costa com habilidosos como Soares, que agora elogia os que estavam a construir para logo legitimar, com seu patético ar de senador, quem vai destruíndo alegremente este país... isto não vai lá!...

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