Jorge Sampaio apresentou, nos Paços do Concelho, no dia 16 de Junho, um livro - da autoria de Alberto Laplaine Guimarãis, Bernardo Diniz de Ayala, Manuel Pinto Machado e Miguel Félix António - que traça a história de Governos e Presidências da República, desde a sua implantação em 1910, não esquecendo os retratos biográficos dos seus titulares.
Com a devida vénia à CML
O amplo Salão Nobre dos Paços do Concelho revelou-se exíguo para acolher as muitas dezenas de personalidades que quiseram assistir ao lançamento do livro "Os Governos da República - 1910-2010", um largo volume nas suas quase 600 páginas. Falando em nome dos autores, Alberto Laplaine Guimarãis revelou que este projecto levou dez anos a amadurecer e a ser concluído pelos quatro amigos, e que nem sempre foi fácil acertar as "posições nada consensuais" entre as várias cabeças pensantes. Mas, garantiu, "pesem embora as diferenças de opinião, nada afectou a nossa amizade".
Para este autor e docente - que, entre as muitas funções que desempenhou, foi secretário-geral do Conselho de Estado e adjunto do Presidente Jorge Sampaio e é, actualmente, secretário-geral da Câmara Municipal de Lisboa - o que se pretendeu foi deixar um registo dos últimos cem anos da nossa história das instituições (nomeadamente, dos órgãos de soberania Governo e Presidência da República), que possa ser de utilidade não só para historiadores como para todos os cidadãos interessados. Laplaine Guimarãis agradeceu ao presidente da Câmara, António Costa (que se fazia acompanhar pela vereadora do Pelouro da Cultura, Catarina Vaz Pinto), a cedência do Salão Nobre dos Paços do Concelho, pois "dificilmente outro local seria tão apropriado: o livro começa nesta sala, nesta varanda", disse, aludindo à Proclamação da República que aqui sucedeu a 5 de Outubro de 1910 (aliás, a folha de papel timbrado da Câmara Municipal de Lisboa com o rascunho dessa proclamação, escrito à mão, surge ostentado na contra-capa do livro).
Jorge Sampaio, que, "por amizade", abriu uma excepção para apresentar este livro - acto em que "não se sente geralmente muito confortável", classificou-o como uma "obra de rigor e excelência científica". Para o antigo Presidente da República em dois mandatos sucessivos "quanto mais rico for o conhecimento do passado, maior a percepção do presente, para sabermos o que devemos ser no futuro". Jorge Sampaio, que também foi presidente da Câmara Municipal de Lisboa, "cidade que se deve orgulhar da sua capacidade de integração multicultural", e no que considerou ser o cargo que desempenhou em maior proximidade em relação aos cidadãos, mostrou-se satisfeito por estar de novo neste Salão Nobre, e "com casa cheia". Depois de recordar algumas experiências vividas no exercício do cargo (incluindo as que considerou mais difíceis, em 2004: empossar o novo Governo após a demissão do Governo de Durão Barroso e dissolver a Assembleia da República meses depois, levando à demissão do Governo de Santana Lopes), Jorge Sampaio concluíu com uma mensagem de confiança na democracia e de esperança na capacidade dos portugueses: "não há fatalismos; vamos ultrapassar as dificuldades com a nossa força criativa".
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